Reitor da UEPB participa de Jornada Virtual da UEFS e destaca desafios impostos às IES pela pandemia
Preocupado com o momento e com futuro da universidade pública pós-pandemia da Covid-19, o reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), professor Rangel Junior, participou, na última sexta-feira (31), da atividade “Grande Debate – Repensar a Universidade: Caminhos abertos pelo processo pandêmico”, dentro da programação da “Jornada Virtual da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) – Trilhas para a Pluriversidade”.
Também participaram do debate os professores Roberto Leher, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Joana Angélica Guimarães da Luz, vice-reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). A atividade foi mediada pela professora Amali Mussi, da UEFS. A tradução em Libras foi feita por Virgínia Cardoso.
Em sua participação, Rangel destacou alguns pontos do fenômeno pandêmico e dos desafios impostos às universidades durante e após a pandemia, como o ensino por meio do uso das tecnologias digitais, de forma remota. O reitor frisou que o mundo está enfrentando algo extremamente novo e se encontra diante de uma situação planetária que ninguém estava preparado, nem mesmo as nações mais desenvolvidas economicamente.
Diante do novo cenário, Rangel observou que as tentativas de reduzir a dimensão desse problema global não darão resultados no momento. Como psicólogo, ele disse que as respostas a serem buscadas devem ser complexas à altura do problema e que não é possível repensar a universidade sem repensar a sociedade e tudo o que cerca esse conjunto, bem como todas as relações sociais que permeiam a vida. As universidades, segundo ele, não podem ser consideradas como ilhas, pois influenciam a sociedade e também recebem influência em todos os sentidos.
Em meio aos novos desafios, o reitor levantou o questionamento sobre quais são as provocações que esse tempo de pandemia pode indicar para todos e quais os caminhos que devem ser trilhados por todos os profissionais que escolheram viver o mundo do trabalho a partir do campo intelectual no ensino, na pesquisa, extensão e na inovação tecnológica. Ele observou que, historicamente, o mundo está em permanente mudança e movimento. Nesse sentido, o desafio do ser humano está em acompanhar essas mudanças e perceber todo o processo de transformação, procurando buscar as respostas que o mundo exige.
Rangel ressaltou que ainda existe uma tendência de alguns segmentos da sociedade em tentar permanecer em uma zona de conforto que se resume a fazer a leitura dos tempos sem procurar aplicar os ensinamentos na prática e complementou que “se a mudança é uma regra, é a ação humana que determina também o processo de mudança. Ou seja, a ação humana, consciente ou não, contribui para a determinação do processo de mudança que o mundo precisa e que a natureza passa”.
Ao destacar tais mudanças, Rangel observou que o mundo alcançou um estágio elevadíssimo de desenvolvimento científico e tecnológico e, ao mesmo tempo, continua aprofundando situações extremamente gritantes que se aproximam da barbárie, a exemplo da distribuição da riqueza e do acesso ao conjunto de bens produzidos pela sociedade. Ele ressaltou ainda que, mesmo com todo o aparato tecnológico, a ideia de igualdade e inclusão digital continua sendo uma utopia para muitos e o discurso de que existe uma democracia, no sentido da materialidade das coisas, ainda está distante da construção de respostas concretas.
As ações humanas, segundo o reitor, podem impulsionar ou retardar essas mudanças. Para ele, a pandemia veio para mostrar que uma das questões mais graves do País é o problema da distribuição da riqueza gerada socialmente e a exclusão de classes, que precisa ser repensada nesse momento de enfrentamento à crise sanitária atual. Ao citar os desafios impostos pela Covid-19, Rangel Junior salientou que é preciso pensar o pós-pandemia desde já, visto que tudo o que acontecer daqui há seis meses ou um ano será parte do que está sendo construído no momento atual.
Como desafios do momento e do futuro, Rangel Junior disse que o Estado terá que buscar respostas e tratar três questões fundamentais para garantir que as pessoas tenham as condições básicas de sobrevivência: emprego, renda e saúde. Para ele, mesmo a vacina se apresentando no horizonte como solução para conter o vírus, esses temas precisam ser tratados urgentemente.
Em relação ao ensino superior e os caminhos das universidades públicas pós-pandemia, o reitor da UEPB disse que as instituições precisam ser fortalecidas em suas autonomias e na sua capacidade de buscar soluções para os problemas que a humanidade enfrenta. “Precisamos efetivamente pensar em sanar e termos as respostas que a humanidade enfrenta e para as quais o Estado é que tem que dar conta, entendendo que o novo trará muitos elementos do velho”, frisou,
Ainda sobre o futuro das universidades, o reitor disse que é preciso pensar em como pode ser ampliada a cooperação científica, a questão da inovação e das novas formas de sociedade, bem como a aquisição de novas cognições para que se possa assimilar e incorporar ao cotidiano das universidades, principalmente na vida do trabalho docente.
Texto: Severino Lopes
Imagem: Reprodução de transmissão pelo Youtube
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