“Romance d’a Pedra do Reino e o príncipe do sangue vai-e-volta” é destaque do projeto “Obra do Mês”

“Romance d’a Pedra do Reino e o príncipe do sangue vai-e-volta” é destaque do projeto “Obra do Mês”
6 de novembro de 2019

No dia 5 de novembro é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro. Não há como tratar do cinema nacional sem relacionar com a literatura, uma vez que boa parte das melhores produções cinematográficas nacionais resultaram do diálogo entre essas duas artes. As inúmeras possibilidades de relações entre cinema e literatura há muito vêm despertando o interesse dos estudiosos das áreas.

Dentro desse processo de transcriação, ocorre o que se denomina tradução intersemiótica ou transposição de um meio para outro, que se configura em desagregar o texto, destacá-lo de seu contexto e reagregá-lo em uma nova semiose, numa nova produção. Na relação das duas manifestações artísticas, é justo reconhecer o nome de um dos maiores dramaturgos brasileiros: Ariano Suassuna, célebre escritor paraibano, conhecido por revelar de modo muito sensível e imaginativo facetas do povo nordestino e de sua arte popular.

Nascido em João Pessoa, em 1927, no Palácio da Redenção, Ariano era filho do governador do Estado, João Suassuna. Considerando a relevância de Ariano Suassuna para o cenário literário nacional, como também para o cinema, a Biblioteca de Obras Raras Átila de Almeida, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), escolheu como obra do mês de novembro o “Romance d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue vai-e-volta”, primeira edição, datada de 1971, que compõe a trilogia “A Maravilhosa Desaventura de Quaderna”.

Sua relevância se configura por, após o regionalismo de 1930, instaurar uma literatura nordestina diferente, numa linguagem inspirada no cordel, nos repentes e nas emboladas, ou seja, na literatura popular do Nordeste. Seu texto possui narrativa não linear, com desorientações espaciais e opacidades de sentido, instaurando as conexões invisíveis presentes nessa ancestralidade de tantos povos misturados num único povo, integrando na literatura o denominado “Movimento Armorial”, isto é, a valorização da arte popular nordestina.

Essa obra também foi traduzida para a linguagem fílmica, por meio de uma microssérie dirigida e produzida por Luiz Fernando Carvalho, com a colaboração de Luís Alberto de Abreu e Bráulio Tavares, em 2007. A primeira edição da obra “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue Vai-e-Volta”, de Ariano Suassuna, pode ser consultada de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, na Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida, situada no primeiro andar do Prédio da Administração Central da Universidade Estadual, no Câmpus de Bodocongó, em Campina Grande.

Colaboração de texto: Ana Carolina Aragão (Biblioteca Átila Almeida)