UEPB celebra 38 de Estadualização com contribuição para a ciência e o desenvolvimento da Paraíba

Pesquisas de ponta. Tecnologias modernas com métodos científicos revolucionários. Profissionais formados(as) em nível de excelência. Uma pós-graduação consolidada. Com 59 anos de existência e muita estrada percorrida semeando conhecimentos e saberes, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) celebra, neste sábado (11), mais uma data marcante na sua rica história. São 38 de Estadualização de contribuição para a ciência e o desenvolvimento da Paraíba.
A Instituição, que nasceu entrelaçada com os anseios de Campina Grande, festeja todos os anos em sintonia com o aniversário da Rainha da Borborema, seu protagonismo na história e excelência no ensino público gratuito e de qualidade. Isso porque, a partir da Estadualização, a UEPB ganhou novo fôlego, passou a fortalecer o ensino e avançar na consolidação de seus principais programas de pós-graduação.
O salto ao longo de todos esses anos foi qualitativo e com profundas transformações no ensino, na pesquisa, na extensão, cultura e inovação. Após a Estadualização, acrescida de outros momentos como a conquista da autonomia financeira, a Instituição passou a figurar entre importantes rankings e a se destacar na produção científica com publicações de artigos científicos em renomadas revistas especializadas do mundo inteiro.
Embora esteja presente nos mais longínquos cantos do Estado, a UEPB está enraizada com Campina Grande, que neste mesmo dia comemora 161 anos de emancipação política. Foi neste solo fértil e pródigo da Rainha da Borborema que a Instituição nasceu ainda como Universidade Regional do Nordeste (URNe) e ao longo de mais de meio século, estendeu os seus tentáculos e se tornou uma Universidade pujante, inovadora, tecnológica, cultural, acolhedora e inclusiva.
Nas celebrações dos 38 anos de Estadualização, a UEPB tem muito a comemorar. Recentemente, a Universidade ganhou notoriedade e ampla repercussão nacional com a criação de uma tecnologia revolucionária e inovadora desenvolvida por pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Química (PPGQ), para identificar metanol em bebidas. A pesquisa, iniciada há dois anos e que visa garantir a qualidade das bebidas destiladas, pode se tornar uma das alternativas para conter uma grave crise sanitária, surgida com a onda intoxicação por metanol que deixou o país em estado de alerta.
O trabalho coordenado pelo professor David Douglas Fernandes, em colaboração dos professores Railson de Oliveira Ramos e Germano Veras, Felix Brito (PPGCA), traduz a qualidade das pesquisas de ponta desenvolvidas pela UEPB, em todos os Centros, especialmente no Câmpus de Campina Grande. A Universidade Estadual, por meio dos cursos de Química e Farmácia, lidera esforços na identificação e tratamento de envenenamento por metanol, atuando na linha de frente do combate à intoxicação. O Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Campina Grande (CIATox-CG), que é ligado ao Departamento de Farmácia e funciona em parceria com o Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, atua 24 horas por dia no atendimento aos casos de intoxicação.
Esta não é a primeira vez que a UEPB contribui de forma efetiva para minimizar os efeitos de uma crise sanitária. Na pandemia da covid-19, a UEPB, usando a tecnologia e a inteligência do Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes), também foi protagonista daquele momento turbulento, com iniciativas que ajudaram as autoridades sanitárias a enfrentar o vírus. Naquele ano, o Núcleo desenvolveu diversos equipamentos para minimizar os impactos da covid-19, como protetores faciais, ventiladores pulmonares e dispositivos de videolaringoscopia para evitar óbitos, além de software para auxiliar na gestão da pandemia. O Laboratório de Tecnologias 3D (LT3D) foi central na produção em massa e distribuição desses equipamentos para profissionais da saúde na Paraíba.
Inovar e inventar faz parte da rotina dos cientistas da UEPB. A Instituição, por meio da Agência de Inovação Tecnológica (Inovatec), vem se destacando no ranking das Instituições de Ensino Superior (IES) divulgado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que mais investem em tecnologia e inovação. A Universidade possui atualmente um portfólio consolidado de 189 ativos de propriedade intelectual, que segundo a coordenadora da Propriedade Intelectual, professora Simone Silva dos Santos Lopes, reflete a capacidade inventiva e o compromisso institucional com a inovação, o empreendedorismo e a transferência de tecnologia.
Deste total, 118 são pedidos de patente, 59 registros de software, seis marcas e cinco desenhos industriais, abrangendo diferentes áreas do conhecimento e setores produtivos. Atualmente, 75 ativos já foram concedidos, 62 encontram-se em fase de depósito e 26 estão sob sigilo no INPI, demonstrando o crescimento contínuo das atividades de proteção intelectual na instituição.
Quem faz pesquisa na UEPB
Entre a criação, estadualização e os dias atuais, a UEPB desponta com seleto grupo de pesquisadores(a) nas diversas áreas do conhecimento. Muitos vêm se destacando em suas áreas. Como o professor Rômulo Alves, do Departamento de Biologia, no Câmpus V, em João Pessoa. Ele possui produção científica consistente na área de Zoologia, com ênfase na conservação da biodiversidade e saúde, e vem sendo destacado nos últimos anos como um dos cientistas mais influentes do mundo. Em 2025 não foi diferente, segundo ranking internacional publicado em parceria com a Universidade de Stanford, dos Estados Unidos.
A classificação, que é considerada uma das mais prestigiadas internacionalmente, analisa cientistas de 22 campos e 174 subcampos científicos, que possuam, pelo menos, cinco artigos publicados.
Também é o caso da bióloga Silvana Santos, que entrou no seleto grupo das 100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo, segundo a British Broadcasting Corporation (BBC). A cientista da UEPB estuda a ocorrência de doenças genéticas raras e sua relação com casamentos entre pessoas com parentesco próximo em áreas pobres do Brasil rural. Ela ganhou destaque por descobrir uma doença genética causada por casamentos de pessoas consanguíneas em uma cidade do Rio Grande do Norte.
Formação que realiza sonhos
A contribuição da Instituição para à Paraíba, e de forma particular para Campina Grande, se reflete na quantidade de profissionais da cidade formados todos os anos nas diversas áreas do conhecimento. Por ano, mais de mil estudantes formandos(as) são lançados no mercado de trabalho nas duas colações de grau realizadas no começo e no meio do ano, somente no Câmpus I, conforme dados da Pró-reitoria de Graduação (PROGRAD).
Entre 2022 e 2025, mais de quatro mil profissionais foram formados pela UEPB em Campina Grande, conforme dados da POGRAD, sendo 1.246 nos semestres letivos 2022.1 e 2022.2; 1.107 nos semestres 2023.1 e 2023.2; outros 1.313 no semestre 2024.1 e 2024.2 e 652 no semestre 2.025/1. Diversos profissionais nas mais diversas áreas formadas na UEPB estão brilhando no mercado, a exemplo do psicólogo e escritor Rossandro Klinjey, e Miguel Dantas, diretor de Vigilância em Saúde de Campina Grande.
Formando profissionais nas diversas áreas, a UEPB oferta, só em Campina Grande, 31 cursos, dentre os 60 oferecidos pela Instituição. A pró-reitora de Graduação, professora Vagda Gutemberg Gonçalves Rocha, lembrou que Campina Grande é uma cidade importante no Brasil e um polo universitário.
“Em Campina Grande são ofertados 31 cursos, dentre os 60 que esta Instituição oferece. A UEPB é importante para este grandioso município, é responsável pela formação de boa parte dos profissionais que atuam na Paraíba e em Campina em particular, profissionais a exemplo de professores, advogados, contadores, odontólogos e enfermeiros. Os primeiros, dentre tantos outros”, destacou.
A UEPB, por sua trajetória, conforme enfatizou a pró-reitora, contribui para o desenvolvimento desta cidade, pois recebe estudantes do próprio município, mas também de outras cidades da Paraíba, como também de estados vizinhos e até de outros países, auxiliando, portanto, na economia da Rainha da Borborema. “Além do ensino, a UEPB também desenvolve ações atinentes à extensão, à pesquisa e à inovação tecnológica em Campina Grande, mas também a UEPB estende essas ações a outros municípios paraibanos. Enfim, podemos afirmar que a UEPB é uma Instituição pública gratuita e de qualidade, e que marca bastante positivamente Campina Grande, a Paraíba e o Brasil”, enfatizou a professora Vagda.
Ensino, Pesquisa e Extensão
Dentro dos pilares da Pesquisa, Ensino e Extensão, a UEPB deu um significativo salto nos programas de pós-graduação, com a sua consolidação e expansão. São nove doutorados e 26 mestrados aprovados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (Capes), além de 14 cursos de especialização.
Essa consolidação foi destacada pela pró-reitora de Pós-gaduação e Pesquisa, professora Nadja Oliveira, que lembrou da contribuição da Universidade para o desenvolvimento de Campina Grande. “É um momento de celebração. Nesse aniversário de 161 anos de Campina Grande, a UEPB, por meio das suas pesquisas, da ciência e formação de qualidade na pós-graduação tem contribuindo para colocar a cidade no protagonismo nacional e na vanguarda do conhecimento. Ao mesmo tempo, sendo uma Universidade que promove o desenvolvimento regional que fortalece os arranjos produtivos locais”, destacou a professora Nadja.
Protagonistas da Estadualização
A conquista da Estadualização no dia 11 de outubro de 1987, graças a tenacidade dos(as) protagonistas daquele movimento épico, foi fundamental para que a UEPB pudesse atuar como mola propulsora do desenvolvimento da Paraíba, tornando-se o segundo momento mais importante da Instituição, desde a sua criação como Universidade Regional do Nordeste, em 1966, há 59 anos.
A Estadualização, conquistada por meio da Lei nº 4.977, abriu caminho para outros marcos nessa história, a exemplo do reconhecimento pelo Conselho Nacional de Educação do MEC, em 1996, tornando a UEPB uma Instituição de Ensino Superior consolidada e definitiva, e a conquista da autonomia financeira, por meio da Lei Estadual nº 7.643 em 2004, que inaugurou uma nova fase na história da Instituição.
Patrimônio da Paraíba, presente em nove cidades do Estado, com 12 Centros, a UEPB está entranhada com a história do povo paraibano, estando presente atualmente com Câmpus instalados nos municípios de Campina Grande, Lagoa Seca, Guarabira, Catolé do Rocha, João Pessoa, Monteiro, Patos e Araruna, além da Unidade Acadêmica de Sousa, com o curso superior de Energias Renováveis. Os 38 anos da UEPB também são celebrados dentro do compromisso da Instituição com a Agenda 2030 e amplo debate em temas emergentes como erradicação da pobreza, sustentabilidade, gênero, cuidado com o meio ambiente e a causa animal.
A Universidade no presente
Sustentabilidade, preservação dos recursos nacionais, inclusão, igualdade racial, dignidade, defesa dos direitos humanos, promoção da equidade étnico-racial, cuidado com o meio ambiente, justiça social, são marcas da UEPB, atualmente gerida por duas mulheres, as professoras Celia Regina Diniz e Ivonildes Fonseca.
Dentro da agenda ambiental e do compromisso da gestão atual, a Universidade Estadual já avançou no desenvolvimento de ações de sustentabilidade. A preservação de recursos naturais, a partir de ações de sustentabilidade são uma constante na Instituição que não só em ações de ensino, mas também de extensão e pesquisa tem contribuído para a relação consciente entre sociedade e meio ambiente, conforme destacou a professora Weruska Brasileiro Ferreira, pró-reitora de Infraestrutura. A UEPB também vem atuando na gestão dos resíduos líquidos, a partir de uma parceria com a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), responsável pela coleta, tratamento e disposição final de esgotos sanitários.
O Laboratório de Ecologia Aquática (LEAq), instalado no Câmpus I, garante a qualidade da água através de análises físico-químicas e microbiológicas de reservatórios e rios, fornecendo dados essenciais para a Cagepa e a Agência de Águas do Estado (AESA). Com atividades voltadas para a pesquisa e formação de cientistas, o LEAq atua no monitoramento da água da Paraíba, assegurando que os paraibanos recebam água potável e monitorada. Recentemente, a reitora Celia Regina destacou a importância das pesquisas realizadas pelo Laboratório, na análise dos recursos hídricos da Paraíba, como forma de garantir que os paraibanos bebam água de qualidade.
Quando foi estadualizada, em 1987, a Universidade tinha 21 anos de criação, e Campina celebrava seus 117 anos. A realidade era bem diferente. Hoje, com todas as transformações políticas, econômicas, culturais e tecnológicas que o mundo passou, e da substituição do analógico para o digital, a Universidade Estadual da Paraíba já tem 59 anos de existência, enquanto a Rainha da Borborema celebra neste 11 de outubro os seus 161 anos.
A história e o tempo estão entrelaçados na vida e no cotidiano da UEPB e de Campina Grande. Ambas cresceram de forma vertiginosa, gerando oportunidade, qualidade de vida e transformação social. Embora tenha no comércio a sua principal vocação, Campina se tornou um polo tecnológico, enquanto que a UEPB faz produz tecnologia de ponta e tem avançado na inovação. Muitos dos(as) profissionais que estão ainda na cidade foram formados pela Instituição.
Na ciência, nas artes, na cultura, no ensino, na pesquisa, extensão e inovação, a UEPB celebra os 38 anos de Estadualização jubilosamente, com solidez, resistente às intempéries do tempo, e mesmo com as inúmeras dificuldades enfrentadas ao longo do tempo, continua formando profissionais, mudando realidades e impactando positivamente na vida dos(as) paraibanos(as), nordestinos(as), brasileiros(as) e estrangeiros que estão e passaram pela Universidade.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Codecom/Divulgação
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