UEPB conquista patente por biocoagulante orgânico nas áreas de Química, Ciência e Tecnologia Ambiental
A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) obteve mais uma patente reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão federal vinculado ao Ministério da Economia. Foi concedida a patente para o “Biocoagulante a base de extrato de mimosa tenuiflora para tratamento de águas e efluentes industriais”, mais uma conferida a projetos vinculados aos Programas de Pós-graduação em Química (PPGQ) e a primeira em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA).
A patente do biocoagulante está protocolada no INPI sob o nº BR 10 2017 013991 3. As idealizadoras do pedido de patente são as professoras Helvia Waleska Casullo de Araújo, do Departamento de Química e PPGQ; e Weruska Brasileiro Ferreira, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental e PPGCTA; juntamente as então estudantes Adriana Nunes dos Santos e Bruna de Freitas Leite.
“É com muita alegria e satisfação que recebo esse deferimento tão esperado. A patente nasceu a partir de um projeto de mestrado sob minha orientação, com co-orientação da professora Weruska Brasileiro e desenvolvido pelas então discentes Adriana Nunes dos Santos, mestranda do PPGQ e Bruna de Freitas Leite, do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) do curso de Química Industrial, ambas bolsistas do CNPq”, explicou a professora Helvia Waleska.
A docente explicou que a invenção diz respeito ao desenvolvimento de um biocoagulante à base de um extrato da casca da espécie mimosa tenuiflora, um vegetal bastante resistente à seca e abundante em todo o semiárido brasileiro, conhecida popularmente como jurema-preta e por ser grande fonte de taninos. Por ser biodegradável e de baixo impacto ambiental, o biocoagulante obtido nesta invenção é uma alternativa em substituição aos coagulantes inorgânicos existentes no mercado industrial a base de alumínio e sais de ferro – que geram lodo em grande quantidade e altos teores de metais, provocam doenças no sistema neurológico como o mal de Parkinson e Alzheimer – e de grande eficiência no tratamento de água e efluentes.
A pesquisadora acrescentou que um dos maiores problemas causados no tratamento de águas e efluentes está relacionado ao uso de coagulantes inorgânicos, responsáveis pela produção de lodo em grande quantidade e que apresenta toxicidade, causa grandes impactos ambientais e pode causar danos ao sistema neurológico – uma ameaça à saúde pública. Uma das soluções viáveis é o uso de coagulantes orgânicos (biocoagulantes) a base de taninos condensados que tem como características produzir lodo em menor quantidade, biodegradável e baixa toxicidade (livres de sais de alumínio e ferro), além de não adicionar cor ou alterar de forma significativa o pH inicial. Ademais, dispõe da vantagem de não necessitar de um agente alcalinizante.
De acordo com a professora, os taninos condensados são compostos polifenólicos, que estão distribuídos amplamente no reino vegetal, podendo ser encontrados em maior abundância na madeira e nas cascas das espécies vegetais. A equipe decidiu pesquisar uma planta que fosse bastante abundante na região Nordeste e resistente à seca. A espécie Mimosa tenuiflora, popularmente conhecida como jurema preta foi a escolhida para a pesquisa por estar dentro do que se procurava. “E assim, cresceu e aguçou a curiosidade e perspectiva de se ter um novo bioproduto em substituição a esses coagulantes inorgânicos como uma alternativa para tratamentos de água e efluentes industriais, um produto biodegradável e de baixo impacto ambiental, tendo como base o extrato da casca de uma planta que faz parte da nossa região”, relatou a professora Helvia.
Diante dos resultados promissores do biocoagulante extraído da casca da Mimosa tenuiflora que a esquipe encontrou, foi dada continuidade à pesquisa utilizando efluentes industriais contaminados com metais pesados. Os resultados geraram projetos de pesquisa, dissertação de mestrado do programa PPGQ, artigos, publicações e trabalhos de conclusão de curso (TCC). “Com o deferimento desta patente, espero contar com empresas parceiras que se interessem pelo produto para que possamos produzir, iniciar a comercialização em grande escala e colocá-las em prática nas estações de tratamento de água”, comentou a docente.
A Coordenadoria de Inovação Tecnológica (Inovatec) da UEPB é o setor responsável pelo processo de registro de patentes da Instituição. A coordenadora da Inovatec, professora Simone Lopes, afirmou que esta é mais uma conquista da UEPB e que o processo, iniciado em 2017, foi relativamente rápido, pois a concessão de uma patente é um procedimento longo, que pode levar até dez anos. Esta é a quarta patente concedida à Instituição, todas conquistadas nos últimos dois anos.
Texto: Juliana Rosas
Foto: Licença Creative Commons
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