UEPB entrega Observatório Astronômico e coloca Juazeirinho no mapa das pesquisas do geoespaço

A Paraíba ganhou, nesta quarta-feira (26), um equipamento moderno que coloca a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) definitivamente no campo das pesquisas das ciências espaciais e no desenvolvimento de estudos atmosféricos. Fruto de uma cooperação institucional, o Observatório Astronômico e do Geoespaço da Paraíba foi inaugurado oficialmente em solenidade realizada na zona rural do município de Juazeirinho, na localidade conhecida como Unha de Gato.

A construção do Observatório, primeiro com essas características no Estado, foi possível graças a uma parceria entre a UEPB, o Observatório Astronômico de Xangai, na China, a Academia Chinesa de Ciências (SHAO-CAS, da sigla em inglês, Shanghai Astronomical Observatory, Chinese Academy of Sciences, e a Prefeitura de Juazeirinho.

Com investimento de R$ 40 milhões, incluindo a construção do prédio e a aquisição de equipamentos como os dois telescópios, o Observatório se tornou um marco nas pesquisas científicas desenvolvidas por pesquisadores da UEPB e de instituições chinesas. Todos os recursos foram financiados pelo Observatório de Xangai.

A solenidade contou com a presença da reitora Celia Regina Diniz, da prefeita de Juazeirinho, Anna Virgínia de Brito Matias; do secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, Cláudio Furtado, que representou o governador do Estado João Azevêdo; do presidente do Instituto do Semiárido, professor Etham Barbosa; do presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba, Rangel Junior; do diretor do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT), Gustavo Henrique Esteves. Também participaram os professores do Departamento de Física, responsáveis pelas articulações que culminaram com a cooperação, Fernando Bertoni e Lourivaldo Mota Lima e Lima; e os representantes da SHAO-CAs, Mao Yindun, Liu Changshun, Zheng Jinghui, Zhang Longfei, entre pesquisadores, pró-reitores e outras autoridades.

Estudantes de Física da UEPB e de uma escola estadual de Juazeirinho também prestigiaram a inauguração e tiveram a oportunidade de conhecer toda estrutura do equipamento. O ato histórico, marco no desenvolvimento de pesquisas espaciais na Paraíba, começou com o corte simbólico da fita inaugural que permitiu o acesso dos(as) convidados(as) e autoridades ao Observatório. Também foi exibido um vídeo com a fala do diretor do Observatório de Xangai.

Em sua fala, a reitora Celia Regina Diniz fez um relato de todo o processo de implantação do Observatório, desde as primeiras tratativas que resultaram na efetivação do convênio com o Observatório de Xangai, até a concepção da ideia, passando pela doação do terreno por parte da Prefeitura de Juazeirinho e a construção e consequente inauguração da obra.

Celia Regina, que participou de todas as etapas, desde a celebração do convênio com o Observatório de Xangai, efetivado em 2021, agradeceu a todas as pessoas envolvidas na cooperação e observou que a UEPB tem atuado nas ciências atmosféricas, tendo inclusive participação no radiotelescópio Bingo, que está sendo instalado na Serra do Urubu, na cidade de Aguiar, no Sertão da Paraíba.

“A Paraíba agora se destaca como um estado que vem trabalhando nas pesquisas geoespaciais. A UEPB está com esse Observatório e também com um braço dentro do Bingo, que está sendo construído em Aguiar. Nós temos pesquisadores e pesquisadoras da nossa Instituição que vem desenvolvendo estudos científicos na área do espaço e nas ciências atmosféricas”, destacou. A reitora ainda enfatizou que a partir de agora, com a inauguração do Observatório Astronômico e do Geoespaço da Paraíba, a UEPB coloca Juazeirinho na rota da ciência, da tecnologia e da inovação.

Durante o seu discurso, ela também reforçou que o momento era de felicidade, celebração e conquista, que um equipamento desse porte, construído com a participação de vários professores (as) e pesquisadoras (as), vem consolidar a pesquisa, a inovação e a extensão, possibilitando que estudantes do ensino médio, ensino fundamental e ensino superior, possam usufruir do equipamento e enveredar pela ciência.

A prefeita de Juazeirinho, Ana Virginia, agradeceu a UEPB e ao grupo de chineses por escolher Juazeirinho para instalar o Observatório. Ela destacou a força e o potencial da UEPB na realização de pesquisadores de excelência na área espacial. A chefe do Executivo municipal classificou o Observatório como uma estrutura que coloca Juazeirinho no mapa da pesquisa espacial do mundo e revoluciona a pesquisa científica nessa área.

O chefe da missão chinesa no ato, Mao Yindun, que falou em nome da equipe, agradeceu a cooperação e explicou porque Juazeirinho foi escolhido para a instalação do Observatório. Ele detalhou que as observações astronômicas realizadas precisam ser realizadas em céu mais limpo possível à noite, cenário encontrado na cidade paraibana.

“Nós precisamos das melhores condições e as encontramos aqui. O processo inteiro foi muito tranquilo, muito bom, com o Governo da Paraíba e com a Universidade. Nós recebemos todo o suporte”, afirmou. Após os discursos dos professores e autoridades envolvidos na concretização do projeto, aconteceu o descerramento da placa inaugural, seguido da visita às dependências do equipamento.

O presidente da Fapesq, professor Rangel Junior, um dos responsáveis pelas articulações que resultaram na cooperação, destacou a relevância do Observatório para a pesquisa espacial. Ele disse que o Observatório é um espaço de ciência que vai realizar pesquisas de grande impacto nos estudos espaciais e que vão impactar o mundo.

Rangel Junior também lembrou de todo o processo desde quando foi procurado por um grupo de professores de Física, quando era reitor da UEPB, para mostrar que construir o equipamento em pleno Semiárido paraibano era viável e possível. Entre os professores, estava o ex-diretor do CCT, Edvaldo de Oliveira Alves, mais conhecido por Mará, já falecido.

Com a solenidade em andamento, o secretário Cláudio Furtado destacou em seu discurso a relevância do Observatório que, definitivamente, coloca a UEPB no campo das pesquisas espaciais de grande impacto. Ele agradeceu a todas as partes envolvidas na cooperação e construção do equipamento. Cláudio Furtado também destacou a importância do intercâmbio entre pesquisadores da UEPB e das instituições chinesas. Para o secretário, a UEPB tem ajudado a colocar a Paraíba na vanguarda da pesquisa espacial.

“Esse é um equipamento importante, porque vai colocar a Paraíba em um patamar especial, no que diz respeito às pesquisas na área das observações espaciais e nas observações atmosféricas e cosmológicas, já que a gente tem outros equipamentos sendo instalados na Paraíba com a colaboração da UEPB”, comemorou.

Conhecendo o Observatório

Importante instrumento para o desenvolvimento de pesquisas espaciais, o observatório foi construído em um terreno com 10 hectares, doado pela prefeitura à UEPB, que para isso, teve que desapropriar uma área localizada na Zona Rural do município, conhecida como Unha de Gato.

O Observatório Astronômico e do Geoespaço da Paraíba é vinculado ao Departamento de Física, do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da UEPB, e funcionará como um centro de referência para pesquisa, desenvolvimento, ensino e extensão nas áreas de geociências, astronomia e ciências correlatas.

A obra teve um investimento de 100% dos recursos oriundos do Observatório Astronômico de Xangai e da Academia Chinesa de Ciências. A parceria entre UEPB e as instituições chinesas começou em 2018. Já em 2022 foi iniciada a construção do edifício para abrigar o telescópio que tem como objetivo acompanhar ou monitorar os detritos espaciais e a observação de asteroides. O local de observação espacial já conta com um telescópio, na área externa do Observatório. O segundo equipamento desse tipo será instalado ainda este ano em uma base já montada.

Além dos dois telescópios, o Observatório conta com a Estação de GNSS, que faz monitoramento da atividade solar, outro instrumento responsável por fazer observações espaciais. Dois professores do Departamento de Física do CCT, Câmpus I, estiveram envolvidos na construção do Observatório Astronômico e do Geoespaço da Paraíba, tendo feito a articulação junto ao Observatório Astronômico de Xangai e a Academia Chinesa de Ciências.

Fernando Bertoni e Lourivaldo Mota Lima, comemoraram a inauguração do equipamento e relataram as pesquisas que serão realizadas no local. O professor Lourivaldo Mota Lima explicou que os instrumentos instalados no Observatório já podem realizar estudos referentes aos detritos espaciais, ou seja, o lixo espacial causado por satélites desatualizados e que estão em órbita, oferecendo perigo para a Terra. Esses satélites desativados, conforme explicou o físico, podem produzir danos ambientais como a contaminação de águas e da atmosfera.

“Só nesse aspecto dos detritos espaciais, nós temos várias frentes para poder investigar a partir de agora, envolvendo os nossos pesquisadores e estudantes da UEPB”, explicou. O docente explicou ainda que a cidade de Juazeirinho foi escolhida para sediar o Observatório por ter o céu aberto, com pouca nebulosidade, o que favorece este tipo de pesquisa.

Um dos responsáveis pelo convênio entre a UEPB e o grupo de chineses, o professor Fernando Bertoni, descreveu todo o processo que culminou na cooperação entre UEPB e o Observatório de Xangai. Ele acrescentou que o Observatório vai permitir um avanço nas pesquisas com o monitoramento da atmosfera e das atividades solares. “É um Observatório que reúne características que permitem a realização de estudos utilizando telescópios ópticos. Isso o torna um observatório bem completo”, explicou Fernando Bertoni.

O Observatório Astronômico da UEPB permitirá que estudantes, professores e pesquisadores façam o monitoramento de fenômenos que podem ter impacto no meio ambiente terrestre e em sistemas de engenharia, visando possibilitar a realização de estudos na área de clima espacial, relações Sol-Terra, entre outros aspectos ambientais.

Com a incorporação dos equipamentos de sondagem da atmosfera e do telescópio FocusGEO, em Juazeirinho, o grupo estenderá as pesquisas sobre o acoplamento usando as observações da ionosfera e dará os primeiros passos nos estudos sobre a identificação e caraterização de detritos espaciais em órbita geossíncrona.

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Texto: Severino Lopes
Fotos: Paizinha Lemos e Mahatma Gandi