Universidade Aberta à Maturidade desenvolve ações para facilitar utilização de ferramentas remotas

7 de maio de 2021

Se para as novas gerações, que nasceram numa sociedade permeada por tecnologias, as mudanças na forma de estudar e no ambiente de sala de aula para o ambiente remoto demandam empenho para aprender a utilizar essas novas ferramentas, imagine para o time dos idosos?
Desde sua fundação, em 2009, a Universidade Aberta a Maturidade (UAMA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) tem formado diversas turmas nos municípios de Campina Grande, Guarabira e Lagoa Seca, e, em 2020, contava com um total de 110 novos alunos. Porém, de acordo com o coordenador da UAMA, o professor Mano Freire, devido à pandemia de Covid-19, considerando o risco de contágio e complicações da doença por parte população idosa, a UAMA foi a primeira atividade paralisada na UEPB.
“No início do ano letivo nós tivemos duas semanas de aula. Após o início da pandemia e depois de várias reuniões com a Reitoria da Universidade foi decidido paralisar as atividades na UAMA pelo fato do seu atendimento ser voltado aos alunos da terceira idade”, comentou o professor Mano.
Após a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia, a coordenação da UAMA passou a ter um contato a distância com os alunos através de grupos de WhattsApp, e por ligações telefônicas, o que facilitou a comunicação com os idosos no primeiro momento, já que ainda não havia sido implementado o modelo de aulas remotas na instituição. Quando a UEPB aprovou o mecanismo das aulas remotas, surgiu a preocupação de desenvolver um método de aperfeiçoamento para os idosos, para ensiná-los a utilizar as ferramentas, em especial o Google Meet.
Mesmo tendo um pouco de familiaridade com a Internet, a aluna Socorro Aciolo lembra que precisou receber ajuda da neta de 10 anos para obter conhecimento das ferramentas. “Minha primeira reação foi de preocupação porque ficaríamos distantes uns dos outros e pelas dificuldades que muitos iriam ter em lidar com o mundo virtual”, mencionou.
O aperfeiçoamento ocorreu inicialmente através de transmissões ao vivo, com a participação de dois convidados da área de tecnologia, que possuíam domínio das ferramentas para que os idosos pudessem sanar qualquer dúvida que pudessem ter. Depois das lives, a Coordenação também elaborou um tutorial em vídeo para oferecer um maior acesso aos idosos. Todo esse material era publicizado em canais da UAMA criados com essa finalidade.
Essas ações envolveram todos que fazem parte da UAMA: Coordenação, Secretaria e professores. Todos engajados para que os alunos idosos tivessem o maior suporte possível. Segundo professor Mano Freire, o processo de treinamento prático foi intenso, com algumas semanas dedicadas para que os idosos aprendessem de fato como utilizar de forma correta todas as ferramentas. “Foi algo bastante complicado, mas, ao mesmo tempo, prazeroso, já que a gente via que existia uma evolução no processo de adaptação à tecnologia por parte dos idosos”, disse.
O professor Mano Freire acrescenta que agora, após esse trabalho o engajamento tem sido muito maior, e além de acompanharem as aulas os estudantes da UAMA podem contar com a presença, ainda que remotamente, de seus colegas de turma e professores, o quem tem proporcionado relatos de grande alegria e satisfação. “Isso é bastante importante, já que muitos desses idosos estavam morando sozinhos e o ato de entrar na sala de aula com o professor e outros amigos da turma, para muitos, foi como uma terapia. No primeiro contato alguns idosos choraram, se emocionaram, e foi bastante proveitoso”, afirmou Mano.
Ao refletir sobre o acesso às tecnologias digitais de comunicação e à rede mundial de computadores e os benefícios alcançados para atividades do cotidiano, a estudante Socorro Aciolo concluiu que “agora já está bem mais fácil usar a internet para muitas atividades do dia a dia como: compras, pagamentos, transações bancárias, além dos encontros e das aulas”, avalia.
Após essas iniciativas, a UAMA encerrou o ano de 2020 com mais de 80% de seus alunos participando das aulas remotas. E em 2021 a Instituição já conta, além das aulas remotas, com vários projetos extensionistas como: prática de atividades físicas, escuta e terapia (na área de Psicologia) e saúde integral do idoso. Tais ações comprovam que a tecnologia pode ser uma grande aliada de todas as gerações.
Texto: Jessica Luana Barbosa (Estagiária)
Fotos: Arquivo Pessoal