Universidade Estadual da Paraíba recebe patente por sistema verde e sustentável de destilação de água solar
Na terça-feira (5), a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) recebeu uma ótima notícia. Foi oficialmente reconhecida a patente pelo Sistema de Destilação de Água de Alto Rendimento com Uso de Energia Solar. A inovação é considerada uma revolução no campo da produção de água destilada e foi reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) sob o número BR 10 2017 006183 3.
Segundo a Coordenadoria de Inovação Tecnológica (Inovatec), a invenção não só proporciona qualidade laboratorial e industrial excepcional, mas também reduz significativamente o consumo de água e energia. O produto foi desenvolvido pelos inventores Josemir Moura Maia, professor do Câmpus IV, em Catolé do Rocha, e do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias (PPGCA); Potí Oliveira Cortez Costa, químico, assistente administrativo e assessor da coordenação do Laboratório de Qualidade de Produção Vegetal do Câmpus IV; Jeneilson Alves da Silva, egresso do PPGCA; Luiz Augusto Dutra de Lima e Henrique Cavalcante Diniz, egressos do curso técnico em Agropecuária pela Escola Agrotécnica do Cajueiro, também do Câmpus IV.
Em 2017, os então estudantes da Escola Agrotécnica Luiz e Henrique participaram da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), apontada como a maior feira da área da América Latina, e foram vencedores da categoria “Destaque Federação: melhor trabalho da Paraíba” e 4º lugar do Brasil na categoria “Engenharia”.
O professor Josemir contou que o processo de pesquisa e construção foi feito muito em torno de conversas entre os cinco inventores, embora tenha partido especialmente dos alunos, em particular de Jeneilson, então mestrando e seu orientando, porém numa atividade paralela ao mestrado. E todo o processo, reuniões e construção se deram em Catolé do Rocha.
Invenção
O sistema consiste em três partes fundamentais. Concentradora de Raios Solares: concentra os raios solares em um único foco para aquecer uma serpentina circular ou linear, câmara ou caldeira; Sistema Mecatrônico: alimentado por energia solar, ele ajusta a concentradora para seguir o sol, aumentando a eficiência de captação de energia solar; Unidade Condensadora: com sistema de resfriamento independente e circulação fechada auto-resfriável.
“Juntamos duas peças interessantes. A ideia era purificar agua salobra utilizando energia solar. Entendemos que era um processo mais barato para dessalinização e que a tecnologia do forno solar, que já existia, poderia ser utilizada na construção de um destilador solar”, explicou o professor Josemir.
Durante a análise da invenção pelo INPI, o instituto disponibiliza a tecnologia para o público. Isso serve para que se façam análises, denúncias, comparações. Passado o período disposto, não ocorreu denúncia ou citação de que houvesse tecnologia parecida no país. Este é um dos motivos para o tempo de avaliação, como já comentou a professora Simone Lopes, coordenadora de Propriedade Intelectual da Inovatec. O depósito da patente foi feito pela UEPB em 2014 e somente agora, nove anos depois, a carta-patente foi concedida.
Josemir Moura afirmou que, no momento, a equipe busca desenvolver um protótipo maior e então partir para apresentação a interessados e futuros desenvolvedores. É a partir da carta-patente concedida pelo INPI que isto é possível. “Essa carta significa que, no Brasil, essa tecnologia foi reconhecida como totalmente original, sem cópia, uma invenção legitima e valorizada. E isso agrega um grande valor para a tecnologia. Quem for comercializar, saberá que o produto será exclusivo”, afirmou o pesquisador.
O docente afirmou que há interesse para que a tecnologia seja, se não fabricada, ao menos comercializada pela startup HidroTech (Tecnologia em Produtos e Serviços Agrícolas) – criada a partir dos ideais de alunos de pós-graduação vinculados ao Laboratório de Tecnologias da Produção Vegetal (LAPROV) e coordenada por ele – que trabalha no segmento de cultivos hidropônicos de hortaliças, além do desenvolvimento de inovações tecnológicas no segmento. “Como no semiárido há problemas de água salobra – e para a hidroponia ter sucesso, necessita-se de água de boa qualidade – faz sentido ter essa tecnologia embarcada dentro das soluções da startup, para que se tenha uma ferramenta importante e de utilização barata para fornecer aos produtores”, disse Josemir.
Para a Inovatec, esta patente representa mais um passo em direção a um futuro mais sustentável e eficiente. A partir da carta-patente, a Universidade garante a propriedade da invenção por 20 anos, com direito a licenciamento, comercialização e utilização. “Continua o processo de transferência de tecnologia, de buscar indústrias que queiram produzir e comercializar o produto. Vamos buscar parceiros para que a invenção chegue à sociedade”, comentou a professora Simone Lopes.
Com a transferência de tecnologia, a Universidade e os inventores recebem royalties em relação ao produto, com valores que vão depender de acordos e contratos firmados. Segundo a professora Simone, geralmente estas quantias são investidas novamente em pesquisa na Instituição.
Texto: Juliana Rosas
Fotos: Divulgação/Arquivo
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