UEPB e EPC disponibilizam segundo volume da trilogia “Celso Furtado: a esperança militante”
Após o sucesso do lançamento do primeiro volume da trilogia “Celso Furtado: a esperança militante”, editado pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em parceria com a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), está disponível o segundo livro da obra que conta a história de uma das figuras mais importantes do Brasil no Século XX. O conteúdo está disponível na plataforma de e-books da Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB). Este volume, intitulado “Depoimentos”, reúne entrevistas com pessoas que trabalharam, estudaram e conviveram de perto com Celso Furtado, entre os anos de 1959 e 2003.
O professor Luciano Albino, um dos organizadores da trilogia ao lado do professor Cidoval Morais, da UEPB, e do professor Ivo Theis, da Universidade Regional de Blumenau (Furb), explica que, nesta segunda obra, os diálogos com os entrevistados percorreram temáticas a respeito da contribuição do pensamento de Celso Furtado para entender o papel das instituições brasileiras, bem como o dever e ação do Estado no funcionamento da gestão pública, além da força do Estado na promoção do desenvolvimento regional do Nordeste. Embasado nos pilares da busca pela industrialização e pelo fortalecimento da democracia, Luciano Albino destaca a mudança de paradigma que o Brasil teve a partir da implantação do modo furtadiano de pensar.
“A temática de desenvolvimento no mundo teve uma grande relevância a partir do pós Segunda Guerra Mundial, onde principalmente a Europa precisou se reconstruir. Então havia, de um lado, o capitalismo central, dos grandes países, que exportavam os bens de produção, e, do outro, o capitalismo periférico, que eram os países em desenvolvimento, como os da América Latina, que importavam tudo que precisavam. Com isso, houve um endividamento muito grande desses países, chamados na época de subdesenvolvidos, o que possibilitou o pensamento da necessidade de industrialização formal dessas nações”, destaca professor Luciano, acrescentando a convergência do pensamento de Celso Furtado para o crescimento do Brasil sob vários aspectos.
“O pensamento de Celso Furtado apontava que essa industrialização formal refletiria no crescimento do emprego e, consequentemente, na geração de renda, tornando o Estado brasileiro forte e que, com isso, as instituições e a Democracia também sairiam fortalecidas. E quando eu falo em democracia, não me refiro apenas a questão do voto, mas de tudo que viabiliza o funcionamento do Estado: as instituições, os três poderes e toda a máquina que torna possível e viável pensar uma estrutura que ofereça condições para o desenvolvimento de uma nação”, ressalta o organizador da obra.
A notoriedade que o pensamento de Celso Furtado ganhou, principalmente com a criação e funcionamento da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), colocou o Estado brasileiro como protagonista, por acreditar em um projeto que professor Luciano chama de modelo nacional de desenvolvimento. Tal iniciativa remeteu à busca pela diminuição das desigualdades sociais no Brasil, bem como fortaleceu a integração e a soberania nacional, além de perceber as contribuições que a ciência teria condições de oferecer com a aplicação de vários projetos na região Nordeste.
“Acreditar que o pensamento de Celso Furtado seria capaz de colocar de vez o Brasil no caminho da modernidade, digamos assim, foi fundamental para que fosse mudada a forma do Estado brasileiro pensar em desenvolvimento. E quem teve um papel fundamental nisso foram os bispos da Igreja Católica no Nordeste, que, em 1956, realizaram, em Campina Grande, o primeiro encontro do Episcopado Nordestino, articulado e organizado pelo então arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Helder Câmara, secretário-geral da recém-criada CNBB. Esse encontro revelou-se em uma importante e decisiva iniciativa do episcopado nordestino, mobilizando o poder público e a sociedade civil da época sobre a grave situação do Nordeste, em vista de ações concretas para a superação da pobreza extrema e das profundas desigualdades regionais”, comenta Luciano.
O volume 2 de “Celso Furtado: a esperança militante” conta com a participação de Otamar de Carvalho; o falecido sociólogo Chico de Oliveira; o economista Osvaldo Sunkel; Gozaga Belluzo; Oswaldo Martneer; Ângelo Osvaldo e os paraibanos Juarez Farias (a primeira pessoa contratada por Furtado para o projeto da Sudene) e Manoel Dantas Villar Filho (um dos primeiros engenheiros da Sudene). As entrevistas são precedidas de apresentações, leituras e contextos que situam esses atores na história recente do Brasil e, sobretudo, na vida de Furtado. O livro é apresentado pelo governador da Paraíba, João Azevedo.
A trilogia é a maior e mais robusta obra já publicada sobre Celso Furtado e foi pensada para celebrar os 100 anos de nascimento desse paraibano, que se tornou um clássico do pensamento brasileiro. A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) instituiu, através da Portaria UEPB/GR/0003/2020, que o ano de 2020 seja comemorativo ao centenário de nascimento do paraibano, natural da cidade de Pombal, no Sertão do Estado. Disponibilizada em versão impressa e digital, a obra não tem fins lucrativos. Apoiam o projeto, dentre outras instituições, além da UEPB e o Governo do Estado, o Centro Internacional Celso Furtado, o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e a Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq/PB).
Texto: Givaldo Cavalcanti
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