Universidade Estadual promove campanha de 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres
Com uma atuação socialmente referenciada que a permite oferecer educação não apenas no aspecto curricular formal, mas, amparada por diretrizes que a direcionam a uma educação libertadora que possa contribuir com o desenvolvimento da Paraíba e com o enfrentamento de problemas sociais e de todas as formas de opressão e violência, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio das ações do Observatório de Feminicídio da Paraíba Briggida Lourenço, está engajada na campanha de 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.
A campanha em todo o país teve início em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e está relacionada a outras datas simbólicas como o Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres (25 de novembro), Dia Nacional de Mobilização os Homens pelo fim da violência contra as mulheres (06 de dezembro), encerrando-se em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Durante esse período serão encaminhados para divulgação junto à sociedade, diversos folhetos de conscientização relacionados às datas que estão vinculadas à campanha. Também será realizada, no dia 7 de dezembro, às 9h, pela TV UEPB, uma rodada de diálogo sobre a violência, o racismo e o papel dos homens no seu enfrentamento. Neste sentido, a atuação do Observatório tem sido voltada à promoção de ações preventivas e que possibilitem a consolidação da UEPB enquanto um espaço seguro e de acolhida para todas as pessoas.
Além disso, a Instituição tem desenvolvido diversas políticas de inclusão que reverberam na situação das mulheres, e de outras populações vulneráveis. Recentemente, a UEPB aprovou por unanimidade junto ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) a implantação, a partir de 2022, da política de reservas de vagas nos cursos de Graduação e Pós-Graduação da Instituição para pessoas indígenas, ciganas, negras, quilombolas, portadoras de deficiências, com vulnerabilidade socioeconômica, transgêneros, travestis e transexuais.
Para a vice-reitora da UEPB e coordenadora do Observatório a aprovação das cotas para essas populações configura-se como um marco histórico no processo de valorização das vidas humanas pela UEPB e está diretamente relacionada à proposta da campanha de 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.
“O direito à educação e ao acesso à universidade são fundamentais. Então, como uma instituição publica, a UEPB têm empreendido diversas ações afirmativas que visam criar oportunidades que foram negadas historicamente. Já tínhamos o sistema de cotas sociais e agora poderemos contemplar grupos estigmatizados na sociedade. Dessa forma, acompanhamos uma dinâmica de reivindicação por justiça social e conseguimos o alcance humanitário que tanto precisamos. E isso repercute positivamente e possui relação direta com esse ritmo da campanha de 21 dias de ativismo, que trata justamente do combate às desigualdades sociais”, destaca a professora Ivonildes.
Sobre os 21 dias de ativismo
Conhecida inicialmente como 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a iniciativa foi criada em 1991, por 23 feministas de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), localizado nos EUA. Trata-se de uma mobilização educativa e de massa, que luta pela erradicação desse tipo de violência e pela garantia dos Direitos Humanos das mulheres. No Brasil a campanha dura 21 dias, mas, segue com o mesmo foco de conscientização para a erradicação da violência contra as mulheres.
A violência contra as mulheres é um problema histórico no Brasil, construído com base em tradições patriarcais que reforçam a desigualdade e a submissão das mulheres em relação aos homens. Segundo dados do Atlas da Violência, produzido pelo Ipea e pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), em 2019 mais de três mil mulheres (3.737) foram assassinadas no Brasil. Ao considerar questões interseccionais, como a raça, em 2021 foi evidenciado um aumento da violência contra mulheres negras. Em 11 anos, o homicídio dessa população aumentou 2%, enquanto o assassinato de mulheres não negras caiu 27% no mesmo período.
Esses dados reforçam a importância de implementação de ações como a campanha de 21 dias de ativismo que, associada a outras iniciativas preventivas, concepção de políticas públicas relacionadas à temática e aprovação de leis, pode que consolidar uma sociedade justa, plural e equânime, com respeito a todas as pessoas.
Texto: Juliana Marques
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