Universidade Estadual recebe documentos da Santa Casa de Misericórdia para tratamento e digitalização

29 de agosto de 2024

Informações sobre a cultura, a religiosidade, as pandemias enfrentadas, dentre outros aspectos referentes ao período em que o Brasil era colônia de Portugal, e João Pessoa chamava-se Filipeia de Nossa Senhora das Neves. Tudo isso pode ser encontrado nos documentos históricos da Santa Casa de Misericórdia da Paraíba, que, nesta terça-feira (27), foram recebidos por representantes do Grupo de Estudos e Pesquisas: História, Educação, Arquivologia e Sociedade (GEPHEAS), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que está responsável por custodiar e realizar o tratamento dessa massa documental.

Com ações articuladas a dois Projetos de Iniciação Científica denominados “Processamento, higienização e digitalização dos manuscritos da Santa Casa Da Misericórdia Da Paraíba (Fase III)” e “O Arquivo da Santa Casa da Misericórdia da Paraíba: suas fontes fotográficas tratamento, higienização descrição e digitalização”, ambos sob a coordenação do professor Ramsés Nunes e Silva, a perspectiva é que o acervo passe por um processo de tratamento que permita, no futuro, a disponibilização do acesso ao conteúdo para a população em formato digital e a preservação da história da Paraíba registrada nesse material.

“A tutoria sobre essa documentação resvala na possibilidade da UEPB retornar para a sociedade civil a manutenção da memória patrimonial do nosso Estado, considerando as informações sobre hospitais, cemitérios, sobre as pandemias que foram vivenciadas na Paraíba e que estão contempladas nesse acervo. E como ela é antiga, tem em torno de 400 anos, essa parceria constituída vai poder reunir esforços para a manutenção da história da Paraíba”, avalia Ramsés.

Há dois anos o grupo de pesquisadores da UEPB atua junto à documentação da Santa Casa para inventaria-la. Em seguida, foi constituído um plano de atividades para elaborar as tipologias documentais, e com a chegada da documentação à UEPB o conteúdo passará por um processamento, higienização, descrição e digitalização. Constitui o acervo, manuscritos, fotografias, marcações de cartas de alforria, inventários patrimoniais, que datam do final do século XVIII (1789) até os anos 1970. Parte dessa documentação precisa ser paleografada, ou seja, transcrita para a linguagem contemporânea, antes de ser digitalizada e disponibilizada ao público.

A estudante do 6º período de Arquivologia e bolsista do projeto de pesquisa que atua no tratamento da documentação da Santa Casa, Girlene Sales, avalia a importância desse trabalho para evidenciar à sociedade o valor histórico dessa documentação, e por conta disso, considera realizar seu Trabalho de Conclusão de Curso com parte da pesquisa que vem desenvolvendo. Além de Girlene, também é bolsista do Projeto de PIBIC a estudante de Arquivologia Rislaynne Guimarães, e integram o projeto as discentes Ester Laís Gomes e Mayara dos Santos.

Sobre a Santa de Misericórdia da Paraíba
A Santa Casa de Misericórdia da Paraíba foi fundada no Século XVI, durante o império português, inicialmente como uma instituição de assistência médica dedicada a cuidar de pessoas em situação de vulnerabilidade, como crianças órfãs e abandonadas, pessoas de extrema necessidade e presos. Sua localização, na atual Rua Duque de Caxias, antiga Rua Direita no núcleo da Cidade Alta, é indicação da importância urbanística e social pois serviu como área residencial da aristocracia rural e abrigou as principais sedes do poder religioso desde o seu traçado inicial.

O acervo da Santa Casa de Misericórdia da Paraíba reúne documentos manuscritos, impressos e mais de 500 fotografias que atestam todo o seu legado administrativo, posses e obras de caridade. De acordo com os pesquisadores da UEPB, tendo se encerrado o valor primário desta documentação, foi iniciado o recolhimento desse acervo com o olhar sobre o seu uso secundário, ou seja, histórico.

Nesse sentido, o material que passará pelo tratamento documental reúne quatro séculos de instrumentos normativos e burocráticos, assentados no modelo católico de administração e provisão sacramental, religiosa, hospitalar e cemiterial, todos atrelados ao universo de representação social luso-brasileira. Diante disso, o acervo pode constituir uma importante fonte de estudo para a pesquisadores, historiadores e o público em geral.

Texto e fotos: Juliana Marques