Dia da professora e do professor: a educação como base para o desenvolvimento humano e social
Quando são feitas reflexões sobre a data de 15 de outubro, definida no Brasil como o Dia da professora e do professor, muito se questiona sobre qual o papel da universidade neste século XXI. Para tentar explicitar tal posicionamento, é possível pegar emprestado uma singela parte da obra do educador português Boaventura de Sousa Santos, quando ele afirma que “só há universidade quando há formação graduada e pós-graduada, pesquisa e extensão. Sem qualquer destes, há ensino superior, não há universidade”.
E é com esse significado que se legitima a luta por instituições que cada vez mais possam proporcionar acesso não somente à formação gradual, mas também possibilidade de extensão, pesquisa-ação, ecologia de saberes e outras profundidades revistas e carregadas de responsabilidades que uma universidade possa oferecer à população.
É seguindo esse percurso que a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) se orgulha de sua história por, principalmente, possuir um quadro docente que a colocou na 34ª posição entre as Instituições de Ensino Superior com maiores depósitos de propriedade intelectual no ano de 2023, segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), e entre as melhores universidades do Nordeste, de acordo com levantamento do Ranking Universitário da Folha, que em 2019 a apontou como a 7ª melhor universidade do Nordeste.
Base para conquistas desse porte, os professores e as professoras da UEPB se apresentam como profissionais que elevam a educação como instrumento de reflexão crítica, voltada para filhos de trabalhadores(as) que, em muitos casos, são os(as) primeiros(as) de sua família a ingressar no ensino superior. Tomando por esta base, a reitora da Instituição, professora Celia Regina Diniz, valorizou o empenho desse grupo de docentes que não mede esforços para cumprir seu papel.
“A educação é a base do desenvolvimento humano e social e, sem dúvida, a contribuição de cada docente é fundamental para a construção de um mundo melhor. Portanto, neste dia, agradecemos as nossas professoras e aos nossos professores que têm se empenhado em formar não apenas excelentes profissionais, mas também cidadãs e cidadãos conscientes de seu papel na sociedade, chamando-os(as) a contribuírem para a construção de um futuro melhor, mais ético e sustentável”, disse a reitora.
Com um quadro de quase mil docentes, a UEPB possui cerca de 600 projetos de Iniciação Científica em andamento, 28 cursos de mestrados aprovados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (Capes), mais 10 cursos de doutorado, 30 programas e 465 projetos de extensão em atuação, contabilizando um envolvimento tamanho que a faz alcançar praticamente todos os 223 municípios paraibanos, partindo dos oitos câmpus que a Universidade possui, estando instalada nas cidades de Campina Grande, Lagoa Seca, Guarabira, Catolé do Rocha, João Pessoa, Monteiro, Patos e Araruna.
“Neste dia 15 de outubro, nossa homenagem às professoras e aos professores da UEPB, pela dedicação, pelo comprometimento e pela paixão com a qual desempenham sua importante missão. Neste dia, não homenageamos tão somente o corpo docente da UEPB, mas também a educação em nossa sociedade. Uma educação pública, inclusiva, gratuita e de qualidade, que é um direito de todas as pessoas e essencial para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. Feliz Dia da professora e do professor. Parabéns!”, desejou a professora Celia Regina.
Dedicação ao ensino de longa data
Os recém-completados 37 anos de estadualização da Universidade Estadual da Paraíba, celebrados na sexta-feira (11), podem ser lembrados ainda de forma especial por docentes que viram a UEPB surgir ou que, pouco tempo depois, passaram a compor o quadro pedagógico da Instituição. São histórias que reforçam o quanto a presença e persistência desses(as) docentes ajudaram a forjar uma Universidade com a base forte que ela tem.
Lotado no Departamento de Comunicação Social, o professor Orlando Ângelo da Silva tem 45 anos de serviço prestado à docência, sendo 37 deles dedicados à UEPB na formação de novos(as) jornalistas. Um período que o docente continua encarando com perseverança e como missão, que o mesmo diz carregar consigo desde a primeira aula.
“São 37 anos como docente dessa Instituição. Fui admitido ainda quando era URNe. Vivenciei muitas crises enfrentadas. Presenciei a sua estadualização e hoje continuo me sentindo feliz em ser professor. Tenho o carinho e respeito dos meus alunos, me sinto realizado de ver muitos deles exercendo essa profissão com competência, ética e compromisso social”, disse.
Com também mais de quatro décadas de tempo de serviço (41), sendo 31 anos oferecidos ao ensino na UEPB, a professora Nicia Stellita da Cruz Soares, do Departamento de Farmácia, enxerga no ofício docente a responsabilidade e o comprometimento como alicerces para seguir na profissão. Segundo ela, o(a) professor(a) precisa ser um exemplo para seus(as) alunos(as), ter a consciência de sempre buscar melhorar e acompanhar a trajetória dos(as) discentes.
“Tenho 31 anos de UEPB e, para mim, é como se tudo fosse a primeira vez. Eu amo estar em sala de aula, é sempre uma experiência nova, porque cada turma tem o seu perfil e nós nos adaptamos a elas. Mesmo quando assumimos algum cargo, nós nunca deixamos de ser professores, porque o nosso objetivo é estar ali, compartilhando conhecimento”, afirmou a professora.
Sobre o fato de dedicar tanto tempo de vida à formação de profissionais, ambos seguiram o mesmo caminho ao apontar que a educação é base de transformação social. Sem ela, segundo Orlando e Nicia, não é possível alterar realidades e contribuir para uma mudança coletiva. “Entendo que a educação é a única maneira dos jovens menos favorecidos ascenderem social e economicamente. É através da educação que podemos conquistar e realizar muitos sonhos. Ela nos faz ver o mundo de forma diferente, permitindo uma leitura de tudo que nos cerca, principalmente no que se refere à defesa de uma política e uma ideologia mais justas”, destacou Orlando.
“Educação é o que transforma o ser humano. Para mim, por meio da educação é como nós vamos adquirindo conhecimentos em todas as áreas. Então, ela é transformadora. É por ela que conseguimos modificar o pensamento. E nós comprovamos isso quando acompanhamos a trajetória dos nossos estudantes”, frisou professora Nícia.
Com muitos anos dedicados à UEPB, como a professora Nicia e o professor Orlando, ou para os(as) docentes mais recentes na Instituição, a lição que fica é de que a educação verdadeira é aquela edificada na reciprocidade. Esta pode oferecer mais compreensão, ser pensada como homem/mulher-sujeito e pronta para lutar contra os mecanismos de repressão e formações reativas que deformam as próprias pessoas.
Texto: Givaldo Cavalcanti
Fotos: Paizinha Lemos
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