Inovatec solicita registro de patente de mais dois softwares que utilizam recursos de inteligência artificial
Um software desenvolvido na pandemia e que ajudou a manter o distanciamento social e evitar o contágio do vírus. O outro, auxiliou no monitoramento dos reservatórios como forma de evitar desperdício, previsão de catástrofes tanto na seca como na cheia, ambos por meio de Inteligência Artificial. A partir desses dois estudos, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio da Coordenadoria de Inovação Tecnológica (Inovatec), anunciou o pedido de mais duas patentes junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
O primeiro software, intitulado DetectaMascaras – Detecção de uso de máscaras e distanciamento social utilizando modelos de Inteligência Artificial, protocolado junto ao INPI sob o número 512023003154-2, busca ajudar a conter a propagação do vírus e identificar indivíduos que não seguiam as políticas de segurança. Ele é resultado de um dos projetos de PIBIC, desenvolvidos pelo professor Vladimir Costa de Alencar, docente do Departamento de Computação, e conta com a participação dos discentes do curso de Estatística, Pedro Henrique Rodrigues Pereira e João Vitor Andrade Alves de Souza.
O sistema foi construído através de inteligência artificial (Deep Learning), utilizando Redes Neurais Convolucionais (Convolutional Neural Networks – CNN), que são algoritmos eficientes em análise de imagens. O professor Vladimir Costa destacou que o DetectaMascaras surgiu durante a pandemia, quando por exigências das autoridades sanitárias, a população passou a usar a máscara como forma de se proteger do vírus, respeitando o distanciamento para evitar a transmissão.
“Então eu desenvolvi um software de inteligência artificial para detectar em tempo real se a pessoa está ou não com máscara. Ele mostra em um quadro verde quem está com máscara, e com uma moldura vermelha quem não está com máscara”, explicou o docente.
O software também mostra se a pessoa está a um metro e meio de distância da outra, conforme exigia os protocolos de biossegurança do Brasil. A ideia foi ajudar a identificar o distanciamento e evitar o contágio do vírus. Para desenvolver esse modelo de dispositivo, ele usou a tecnologia de redes neurais convolucionais e aprendizado por transferência. Depois de treinado e validado, o modelo teve uma taxa de acerto com os dados reais de mais de 99%, o que atestou a eficiência da invenção tecnológica.
O segundo, intitulado “Açudes Monitoramento”, consiste em um software de inteligência Artificial para monitoramento de açude que foi protocolado junto ao INPI sob o número 512023003155-0. O mecanismo tem a função de criar modelos de previsão para monitoramento de açudes, a partir de algoritmos de Inteligência Artificial, utilizando a arquitetura de deep learning LSTM (Long Short Term Memory). O açude escolhido pelo pesquisador para desenvolver o software foi o açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, que abastece a cidade de Campina Grande e mais 18 municípios do Compartimento da Borborema.
Trata-se de uma arquitetura de rede neural recorrente que “lembra” valores em intervalos arbitrários, sendo bem adequada para classificar, processar e prever séries temporais com intervalos de tempo de duração desconhecida. Através do desenvolvimento deste programa, é possível realizar previsões futuras do volume de água do açude Epitácio Pessoa. O software ajuda no monitoramento dos reservatórios como forma de economizar água e previsão de catástrofes, como secas ou cheias. O objetivo, conforme explicou o professor Vladimir, é prever os volumes futuros, no que diz respeitos a possíveis secas e sangrias.
“Você não pode deixar o açude em sua capacidade máxima, porque aqui no Nordeste nós temos uma das maiores médias de evaporação de água do mundo”, observou o professor. O modelo foi treinado exaustivamente, o que consumiu muitos recursos computacionais, tendo sido rodados nas “nuvens” com GPUs. A taxa de acerto foi bastante satisfatória.
Professor há mais 25 anos na UEPB, Vladimir Costa de Alencar, destacou a importância do trabalho da Inovatec para registrar os softwares. Ele revelou que a última vez que tentou registrar um o software no ano de 2015, encontrou muitos obstáculos, como as dificuldades burocráticas, impressão de partes de código dos softwares, criação de fluxogramas de estados e etc. Nos últimos 35 anos, ele já desenvolveu vários softwares e agora está conseguindo um novo registro como forma de garantir a propriedade intelectual.
Ele já trabalha há mais de 35 anos na área de inteligência artificial, sendo que, em determinado período, passou a trabalhar em banco de dados e depois com rede de computadores em diversas empresas. O professor tem mais outros 10 softwares para serem registrados através da Inovatec. Na UEPB, a Inovatec é responsável por ações relacionadas à inovação tecnológica, propriedade intelectual, com o patenteamento de invenções e a transferência destas tecnologias para o setor produtivo, além de promover o empreendedorismo inovador na Instituição.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação/Livre
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