Inovatec solicita registro de patente de mais dois softwares que utilizam recursos de inteligência artificial

Inovatec solicita registro de patente de mais dois softwares que utilizam recursos de inteligência artificial
20 de outubro de 2023

Um software desenvolvido na pandemia e que ajudou a manter o distanciamento social e evitar o contágio do vírus. O outro, auxiliou no monitoramento dos reservatórios como forma de evitar desperdício, previsão de catástrofes tanto na seca como na cheia, ambos por meio de Inteligência Artificial. A partir desses dois estudos, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio da Coordenadoria de Inovação Tecnológica (Inovatec), anunciou o pedido de mais duas patentes junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

O primeiro software, intitulado DetectaMascaras – Detecção de uso de máscaras e distanciamento social utilizando modelos de Inteligência Artificial, protocolado junto ao INPI sob o número 512023003154-2, busca ajudar a conter a propagação do vírus e identificar indivíduos que não seguiam as políticas de segurança. Ele é resultado de um dos projetos de PIBIC, desenvolvidos pelo professor Vladimir Costa de Alencar, docente do Departamento de Computação, e conta com a participação dos discentes do curso de Estatística, Pedro Henrique Rodrigues Pereira e João Vitor Andrade Alves de Souza.

O sistema foi construído através de inteligência artificial (Deep Learning), utilizando Redes Neurais Convolucionais (Convolutional Neural Networks – CNN), que são algoritmos eficientes em análise de imagens. O professor Vladimir Costa destacou que o DetectaMascaras surgiu durante a pandemia, quando por exigências das autoridades sanitárias, a população passou a usar a máscara como forma de se proteger do vírus, respeitando o distanciamento para evitar a transmissão.

“Então eu desenvolvi um software de inteligência artificial para detectar em tempo real se a pessoa está ou não com máscara. Ele mostra em um quadro verde quem está com máscara, e com uma moldura vermelha quem não está com máscara”, explicou o docente.

O software também mostra se a pessoa está a um metro e meio de distância da outra, conforme exigia os protocolos de biossegurança do Brasil. A ideia foi ajudar a identificar o distanciamento e evitar o contágio do vírus. Para desenvolver esse modelo de dispositivo, ele usou a tecnologia de redes neurais convolucionais e aprendizado por transferência. Depois de treinado e validado, o modelo teve uma taxa de acerto com os dados reais de mais de 99%, o que atestou a eficiência da invenção tecnológica.

O segundo, intitulado “Açudes Monitoramento”, consiste em um software de inteligência Artificial para monitoramento de açude que foi protocolado junto ao INPI sob o número 512023003155-0. O mecanismo tem a função de criar modelos de previsão para monitoramento de açudes, a partir de algoritmos de Inteligência Artificial, utilizando a arquitetura de deep learning LSTM (Long Short Term Memory). O açude escolhido pelo pesquisador para desenvolver o software foi o açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, que abastece a cidade de Campina Grande e mais 18 municípios do Compartimento da Borborema.

Trata-se de uma arquitetura de rede neural recorrente que “lembra” valores em intervalos arbitrários, sendo bem adequada para classificar, processar e prever séries temporais com intervalos de tempo de duração desconhecida. Através do desenvolvimento deste programa, é possível realizar previsões futuras do volume de água do açude Epitácio Pessoa. O software ajuda no monitoramento dos reservatórios como forma de economizar água e previsão de catástrofes, como secas ou cheias. O objetivo, conforme explicou o professor Vladimir, é prever os volumes futuros, no que diz respeitos a possíveis secas e sangrias.

“Você não pode deixar o açude em sua capacidade máxima, porque aqui no Nordeste nós temos uma das maiores médias de evaporação de água do mundo”, observou o professor. O modelo foi treinado exaustivamente, o que consumiu muitos recursos computacionais, tendo sido rodados nas “nuvens” com GPUs. A taxa de acerto foi bastante satisfatória.

Professor há mais 25 anos na UEPB, Vladimir Costa de Alencar, destacou a importância do trabalho da Inovatec para registrar os softwares. Ele revelou que a última vez que tentou registrar um o software no ano de 2015, encontrou muitos obstáculos, como as dificuldades burocráticas, impressão de partes de código dos softwares, criação de fluxogramas de estados e etc. Nos últimos 35 anos, ele já desenvolveu vários softwares e agora está conseguindo um novo registro como forma de garantir a propriedade intelectual.

Ele já trabalha há mais de 35 anos na área de inteligência artificial, sendo que, em determinado período, passou a trabalhar em banco de dados e depois com rede de computadores em diversas empresas. O professor tem mais outros 10 softwares para serem registrados através da Inovatec. Na UEPB, a Inovatec é responsável por ações relacionadas à inovação tecnológica, propriedade intelectual, com o patenteamento de invenções e a transferência destas tecnologias para o setor produtivo, além de promover o empreendedorismo inovador na Instituição.

Texto: Severino Lopes
Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação/Livre