Livros sobre trabalhadoras domésticas e reflexões literárias são lançados pelo vice-reitor da UEPB, Flávio Romero

16 de dezembro de 2019

Na noite da última sexta-feira (13), foram lançados, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), dois livros de autoria do vice-reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), professor Flávio Romero Guimarães. “Trabalhadoras Domésticas: da invisibilidade e exclusão social à conquista de direitos”, editado Juruá Editora, e “Diálogos Silenciosos”, que possui o Selo Latus da Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB), foram finalizados neste ano de 2019 e já estão à disposição do público para aquisição. Professores e autoridades prestigiaram o lançamento das obras, que também contou com a participação artística do cantor Gabriel Caminha.

“Trabalhadoras Domésticas: da invisibilidade e exclusão social à conquista de direitos” é parte da pesquisa realizada pelo vice-reitor durante o doutorado em “Estudios Interdisciplinares de Género y Políticas de Igualdad”, na Universidade de Salamanca, na Espanha. Trata-se de uma pesquisa de caráter interdisciplinar, que abordou a temática acerca das trabalhadoras domésticas sob múltiplas perspectivas. Ao refletir sobre a construção da identidade dessas trabalhadoras, professor Flávio revela um mundo povoado por mulheres historicamente invisibilizadas e submetidas a uma dura realidade de preconceito, discriminação e desvalorização social.

Já “Diálogos Silenciosos” apresenta outra face do autor. Uma produção mais próxima de vários gêneros literários, o livro reúne crônicas, poemas, frases que chamam a atenção do escritor sobre diversos aspectos. Obra de cunho intimista, oferece ao leitor reflexões sobre fatos do dia a dia, que despertaram o interesse do professor Flávio e que perpassam sobre temas como o amor, a vida, as emoções, festa, família, política, medo, memórias, loucura, tempo, juventude, natureza, dentre muitos outros que surpreenderão os leitores.

No lançamento, Flávio Romero destacou a importância da presença da família e amigos no momento e se colocou como incansável na produção de novas obras, sejam elas na academia ou na literatura. “Eu faço uma analogia dizendo que o ser humano, para ser pleno e consequentemente conseguir alçar os voos daquilo que acredita, precisa equilibrar suas duas asas: a da razão e da emoção. Quero agradecer a todos pela presença neste lançamento. Dezembro é um mês de reflexão, de confraternização e eu quero dizer que estes livros representam mais uma pedra angular que coloco na construção de mim mesmo. Muito obrigado a todos que estiveram aqui”, disse.

O diretor da EDUEPB, professor Luciano Nascimento, fez uma análise sobre o momento do livro físico no Brasil, que é responsável por quase a totalidade do mercado editorial brasileiro, apesar do advento do livro digital, e refletiu sobre o tema das trabalhadoras domésticas, abordado no livro escrito por Flávio. Segundo ele, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um alto percentual de trabalhadores empreendedores, mas que se configuram como trabalhadores informais, que caracterizam um cenário preocupante da economia brasileira. Ele ainda destacou que a clandestinidade do trabalho segue sendo uma realidade que precisa ser enfrentada para que muitos trabalhadores tenham melhores condições de vida a partir de suas práticas laborais.

Para instigarem os leitores a conhecer mais sobre os temas dispostos em “Trabalhadoras Domésticas: da invisibilidade e exclusão social à conquista de direitos” e “Diálogos Silenciosos”, os responsáveis por apresentar as obras foram, respectivamente, o reitor da UEPB, professor Rangel Junior, e a professora Divanira Arcoverde. Na fala de ambos, a sensibilidade do autor e a forma direta na construção do texto foram características marcantes de quem permeia sobre diferentes gêneros textuais com tanta facilidade e maestria.

Para o professor Rangel Junior, o objetivo central do livro que apresentou é discutir a construção da identidade das domésticas no Brasil ao mesmo tempo em que expõe as feridas de um processo de alijamento desta categoria nas normas trabalhistas, desde que o país ingressou na chamada modernidade das relações de trabalho. Na prática, este conceito poderia ser chamado até mesmo de um eufemismo nos tempos atuais. O reitor classificou pontos importantes para uma reflexão necessária não somente para a questão trabalhista, mas também para a humana.

Já a professora Divanira Arcoverde foi buscar reflexões no campo da linguística para tecer seus cometários sobre “Diálogos Silenciosos”. Conhecedora da análise de discurso a partir das abordagens em Mikhail Bakhtin, ela fez colocações importantes para aguçar a curiosidade dos leitores que, assim como ela, são apaixonados tanto pelo texto em prosa, como em poesia. Divanira não poupou a enumeração de pontos importantes à obra e convidou a todos para embarcarem em uma viagem que, segundo ela, contribuirá bastante para o enriquecimento cultural de todos os leitores. “É um livro incrível, com temas atuais e que trará aos leitores sensações ímpares ao longo da leitura”, disse.

Texto: Givaldo Cavalcanti
Fotos: Tatiana Brandão