Museu de Arte Popular da Paraíba reabre à visitação pública com novas exposições em suas três salas

Museu de Arte Popular da Paraíba reabre à visitação pública com novas exposições em suas três salas
10 de junho de 2022

A noite desta quinta-feira (8) foi de dupla abertura para o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O local abriu ao público, presencialmente, após a pandemia da covid-19, e estreou a exposição “A Feira de Campina Grande: Poéticas e Imaginários”. Estiveram no evento diversos artistas, bem como representantes do cenário cultural na Rainha da Borborema, além da população em geral interessada no assunto.

Iury Sarmento foi o mestre de cerimônias da iniciativa e, participando dela, estavam o chefe de gabinete da Reitoria da UEPB, professor Luciano Albino, representando a reitora, professora Célia Regina Diniz; o diretor do MAPP e pró-reitor adjunto de Cultura, professor José Pereira da Silva; o pró-reitor de Cultura da UEPB, professor José Cristóvão de Andrade; as curadoras da exposição, a professora Joseilda Diniz (Sala 3 – Cordel e Xilogravura) e a cineasta Rebeca Souza (Sala 1 – Arte Popular, e Sala 2 – Música, com curadoria assinada junto com o cineasta Hipólito Lucena); e a secretária de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura Municipal de Campina Grande (PMCG), Rosália Lucas.

Participaram da circunstância, ainda, o ex-reitor da UEPB, o poeta, cantor e compositor Rangel Júnior, o também curador da Sala de Cordel do MAPP, Alfrânio de Brito, a idealizadora do Festival de Inverno e do Bloco da Saudade, Eneida Agra Maracajá, o artesão Sérgio Nascimento, o cantor Sussa de Monteiro e o representante do Fórum Forró de Raiz (PB), Alfranque Amaral. Além disso, integraram o momento, o diretor do Teatro Municipal Severino Cabral, Carlos Alan Peres, o diretor do Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra, Agnaldo Barbosa, o jornalista Xico Nóbrega, a poetisa Aparecida Pinto, a professora Normana Natália Passos e o ator Chico Oliveira, entre outros.

A cultura como algo vivido
Em sua fala, Luciano Albino destacou que a cultura deve ser vista como algo vivido, não como uma coisa engessada, que simplesmente se pendura na parede. “Ela deve trazer uma sensibilidade real para a nossa vida e para o convívio que temos com as pessoas, essa é a preocupação da UEPB enquanto instituição pública de ensino, que tem um legado de valorização da arte. Por outro lado, o contexto atual no Brasil é atravessado por fundamentalismos e formas totalitárias de expressão. Nós, aqui, principalmente como nordestinos, reivindicamos uma estética que preza pelo lúdico, que preza pelo belo, pelas nossas referências históricas. Campina, pelos seus artistas brilhantes, seus intelectuais de gênio, sua Feira, que é a ‘Feira das Feiras’, sua autêntica produção cultural, é uma vitrine para o mundo todo”, disse.

O diretor do MAPP lembrou que em dezembro deste ano o Museu completa 10 anos de existência. “Nesse período, ele vem cumprindo uma função de relevo na cidade, conseguiu dinamizar a cultura popular do município e da Paraíba, homenageou centenas de artistas importantes, como Jackson do Pandeiro, Marinês, Sivuca e João Gonçalves. O Museu é muito presente no dia a dia de Campina e, com essa exposição, ele levanta reflexões, vozes, memórias e olhares diferentes sobre a Feira, sendo que o próprio acolhimento e valorização dos feirantes é um deles. É uma satisfação para nós que, nessa retomada da sociedade, em relação às atividades presenciais, a UEPB permaneça um agente disseminador da arte e do saber, configurando-se, mais uma vez, como lugar de encontro e celebração dessas manifestações tão nossas, explicou.

Já o pró-reitor de Cultura, professor Andrade, enfatizou a sua felicidade em ver o museu aberto ao público, com novas exposições. “O MAPP é um instrumento de alegria, de vivacidade e vem dar esse realce a um patrimônio que tanto nos orgulha, que tanto fala a nosso respeito, que é a Feira”, asseverou.

Andrade assinalou, igualmente, que o compromisso assumido pela UEPB, relacionado à cultura, conta com um instrumento muito valioso de ensino: o Centro Artístico. “Lá temos mais de 900 alunos criando e aprendendo no cotidiano o fazer da arte, além dos cursos de sanfona, que concretizam o desejo da UEPB de preservar a música nordestina. A Instituição, dispõe, ainda, de vários núcleos de cultura nos Campus e essas ações reforçam sua preocupação com uma formação diferenciada, destinada não apenas à comunidade universitária, mas a qualquer cenário em que a UEPB se insere”, informou.

Já Rosália Lucas enfatizou o Museu como um dos principais cartões postais da cidade, notadamente no São João. “O MAPP é um fator a mais de encanto para os nossos turistas e o tema escolhido para nortear as exposições foi muito oportuno, afinal, a Feira é onde tudo começou em Campina. A UEPB é minha casa, fiz minha graduação e pós-graduação na Universidade, não há como mensurar a importância da UEPB para o município e ela ainda presenteou os moradores com esse espaço maravilhoso do Museu, que significa cultura, tecnologia, inovação e tradição”, finalizou.

Importante ressaltar que o MAPP, durante este mês de junho, estará funcionando de terça-feira a domingo, das 10 às 19h, sendo as segundas-feiras reservadas à manutenção daquele espaço museal.

Apresentações e homenagens
Integrando a programação ocorreram algumas apresentações artísticas, como um espetáculo do Grupo Raízes e uma exibição musical com o sanfoneiro mirim Ian. A noite também contou com duas homenagens.

A primeira foi feita a Manoel Cabral da Silva [1932-2016], conhecido por Major Palito. Com mais de 50 anos de atuação profissional circense na cidade, o palhaço era conhecido pelas inúmeras apresentações que fazia nos bairros. Além disso, Major Palito dispunha de uma música tratando da Feira de Campina. A neta dele, Thaisa Raquel Cabral de França, participou da homenagem. Presente ao evento, Zé do Pife, 87 anos, foi o outro laureado. Praticamente uma lenda na Rainha da Borborema, ele narrou um pouco de sua vida e sobre como colaborou para que uma das mais originais expressões da cultura do Nordeste, as bandas de pífano, fossem propagadas.

Agricultor na juventude, Zé começou a confeccionar pífanos de canos e de lata para sustentar a família. E foi assim que tocou e vendeu pífano nas praças e feiras de quase todos os municípios, ficando famoso sobretudo na Feira de Campina. “Estou agradecido demais pela homenagem. Eu me sinto campinense e paraibano, mesmo sendo natural de Pernambuco”, disse.

Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Paizinha Lemos