Técnica desenvolvida no CCAA aproveita silagem de abacaxi para alimentar animais durante estiagem

15 de julho de 2021

Como estratégia para enfrentar a estiagem, o Centro de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Câmpus II localizado na cidade de Lagoa Seca, utilizou-se de materiais naturais e aproveitamento ecológico. A silagem adquirida permitirá alimentar o grupo de animais da Escola Agrícola Assis Chateaubriand (EAAC) por um período superior ao mais crítico de estiagem e escassez de alimento.
A direção de Centro explica que no Brasil as pastagens são a base da alimentação animal para a produção de carne e leite. Na época de escassez de pasto, a alternativa é suprir o cocho, bebedouro ou comedouro para o gado, com forragens armazenadas na forma de silagem. Dentre elas, está a silagem de restos da cultura do abacaxizeiro, que transforma plantas, mudas, coroas e talos, que seriam descartados, em alimento para os bovinos. A silagem feita com esses resíduos tem alto teor proteico, muito açúcar e tem se mostrado nutritivo e palatável para os animais.
Em termos nutricionais, esse material pode ser comparado à silagem de milho, sendo inclusive mais energético. Sua composição tem 78% de umidade e 22% de matéria seca, com 6,29% de proteína e 62% de nutrientes digestíveis totais (NDT). “O fato de a umidade ser alta faz com que se tenha que usar um volume maior de silagem para contemplar a quantidade de matéria seca que o animal exige e isso reduz um pouco a digestibilidade. Outra ressalva é quanto ao teor de carboidrato não fibroso, inferior ao da silagem de milho”, explicou o professor José Félix de Brito Neto, diretor do CCAA.
Estima-se que seja possível alimentar uma média de dez animais por cerca de 90 dias de confinamento por meio da silagem do abacaxi produzida em um hectare. A engorda estimada é a mesma da silagem de milho, que gira em torno de 1,5 kg por dia. Com potencialização na nutrição, pode chegar a 1,8kg/cabeça/dia. Por ser palatável, a fruta tem uma boa aceitação do gado. Porém, o alimento não é 100% responsável pela engorda e a nutrição fornecida no cocho garante o ganho de peso esperado, mesmo no período crítico da seca. “Nesse sentido, é sempre importante uma suplementação adequada”, complementa o diretor.

O processo de preparação do volumoso de abacaxi segue o padrão de outras matérias-primas: os restos culturais do abacaxizeiro são colhidos, passam pela picagem e podem ser compactados em trincheira ou silo de superfície coberto por lona. É necessário um mínimo de 40 dias para que a fermentação aconteça e, na sequência, o material está pronto para ir ao cocho.
No último dia 9 de julho, o CCHA realizou a confecção de um silo trincheira, seguindo um planejamento para enfrentar o período de estiagem e consequentemente de baixa oferta de pasto para os animais. De acordo com o professor José Félix, foram adquiridas 20 toneladas de restos culturais de abacaxizeiro no município paraibano de Santa Rita, que triturada conjuntamente com mais 15 toneladas de palha de milho e sorgo, permitiram confeccionar um silo com cerca de 35 toneladas. Essa silagem permitirá alimentar o plantel da EAAC a cocho por um período de 90 dias, ultrapassando assim o intervalo mais crítico de escassez de alimento.
Texto: Juliana Rosas
Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal