Projeto voltado à inclusão de pessoas com deficiência traça panorama sobre o estudo de Libras nos cursos de Saúde

17 de março de 2022

A Lei Brasileira de Inclusão e Acessibilidade 13.146, estabelecida em 6 de julho de 2015, assegura que as pessoas com deficiência tenham acesso à educação de ensino superior, da estrutura física à qualidade da comunicação com os professores, sendo a instituição responsável pelo ingresso, permanência, participação e autonomia das pessoas com qualquer tipo de deficiência. Na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), além do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), que atende à comunidade acadêmica com diversos serviços voltados à inclusão de pessoas com deficiência, algumas iniciativas de pesquisa e extensão têm sido implementadas com esse objetivo.

Este é o caso do projeto de pesquisa “Ensino da Língua Brasileira de Sinais nos cursos de graduação dos Centros de Ciências Biológicas e da Saúde das Universidades Públicas de Campina Grande – Paraíba”, vinculado ao curso de Odontologia, do Câmpus I. Sob a orientação da professora Andreza Targino, o projeto é fonte de aprendizado de estudantes de cursos das áreas de Saúde de instituições públicas de Campina Grande sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

“A necessidade de verificar como os cursos da Saúde vêm incluindo e ofertando o componente curricular de Língua Brasileira de Sinais (Libras) a seus estudantes, considerando que a Libras é prevista em Lei no Brasil [Lei nº 10.43 6/2002], como forma de comunicação e expressão das comunidades de pessoas surdas através de um sistema linguístico de natureza visual-motora. Porém há, ainda, muitos profissionais que não detêm o seu conhecimento. Logo, o ensino de Libras direcionado aos cursos de Saúde é fundamental para assegurar o direito à saúde humanizada entre as pessoas surdas ou deficientes auditivos”, conta a coordenadora do projeto, Andreza, sobre o contexto que provocou a pesquisa.

A estudante do 6º período de Odontologia e integrante do projeto que faz parte da Cota 2020/2021 da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), Heloísa Barbosa, destaca a importância dessa iniciativa para melhorar a fluidez na comunicação entre profissionais da saúde e pessoas com surdez. “É importante destacar, inicialmente, que em nosso país, há uma quantidade significativa de indivíduos que apresentam surdez. E estas pessoas, em sua maioria, desenvolveram a habilidade de se comunicar através da Língua Brasileira de Sinais, tendo em vista a dificuldade na fluência, mesmo quando se trata de um grupo que consegue desenvolver a fala. Entretanto, diversos estudos ainda apontam a falta de conhecimento desta língua por diversos profissionais como uma barreira social, principalmente quando falamos do âmbito da saúde, tendo em vista que a dificuldade de comunicação com pacientes surdos, assim como, a falta de conhecimento a respeito desta condição prejudica a execução de um atendimento humanizado”, pondera.

Por conta da pandemia, o projeto precisou buscar novas alternativas de fazer esta pesquisa de forma remota e, por esse motivo, redirecionou as ações para a análise das grades curriculares dos cursos de saúde das universidades públicas de Campina Grande, quando foi possível identificar que a maioria dos cursos nas instituições públicas oferecem o componente curricular. Atualmente, o estudo prossegue, com a participação do graduando Carlos Antônio e da mestranda Lidiane Dantas, que estão dando continuidade às pesquisas acerca do tema juntamente com a orientadora Andreza Targino, com ações feitas através de e-mail ou reuniões no Google Meet, quando necessário.

Ações de inclusão na UEPB
Segundo a pesquisa do Instituto Locomotiva sobre surdos no Brasil, realizada em 2019, 10,7 milhões de pessoas possuem alguma deficiência auditiva, das quais apenas 7% têm diploma de graduação. Diante dessa realidade, recentemente na UEPB foi aprovada, conforme as Resoluções 021 e 022/2021, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Instituição, a política de ações afirmativas com a reserva de vagas nas graduações e pós-graduações da Instituição destinadas a pessoas com deficiência, dentre outros grupos vulneráveis.

Além disso, o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) tem realizado diversas ações para os alunos com deficiência, dentre elas, destaca-se o atendimento pedagógico, no qual discentes matriculados na própria instituição, em escolas públicas de Campina Grande ou em instituições parceiras, podem ser atendidos. O atendimento é realizado pelos extensionistas com a supervisão do professor Eduardo Gomes Onofre. Em decorrência da Covid-19, os encontros estão sendo realizados de forma remota, através de videoconferência (WhatsApp ou Google Meet). Para participar é preciso entrar em contato por e-mail: nai@setor.uepb.edu.br, e aguardar o contato dos extensionistas que verificarão os horários disponíveis e realizar o agendamento.

Texto: Breno Marcondes (Estagiário)