Aos 30 anos, Editora da UEPB celebra dois Prêmios Jabuti, dois Prêmios ABEU e conquista lugar de destaque na plataforma SciELO

30 de abril de 2025

Criada em agosto de 1995, a Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) celebra 30 anos de atuação com conquistas relevantes. Entre os principais marcos de sua trajetória estão dois Prêmios Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), e a inclusão, em 2012, na plataforma SciELO (Scientific Electronic Library Online), referência em publicações científicas de acesso aberto na América Latina.

Segundo o professor Cidoval Morais de Sousa, diretor da EDUEPB, a editora foi criada oficialmente em 1995, mas só lançou seu primeiro livro (Dos crimes de preconceito de raça e de cor) três anos depois. “De 1998 para cá, já publicamos 1501 mil títulos e isso muito nos orgulha”, afirmou.

Ele conta que assumiu a editora pela primeira vez entre 2010 e 2011, a convite da ex-reitora Marlene Alves. “Foi praticamente um processo de implantação de uma nova política editorial porque a universidade estava se qualificando para a pós-graduação e editora fazia parte desse processo. Fiquei quatro anos e conseguimos três grandes conquistas: ter colocado a editora na SciELO [2012] e termos conquistados dois Prêmios Jabuti [2011 e 2013]. E a terceira foi ter entrado na lista das editoras universitárias mais qualificadas do país, justamente por causa da entrada na SciELO”, destacou o diretor.

Além de conquistar dois Prêmios Jabuti, a EDUEPB foi finalista em outras quatro edições da premiação e recebeu dois prêmios da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), considerada o Jabuti dos livros acadêmicos. Em 2022, na área de Ciências Humanas, a EDUEPB, em parceria com a Editora A União, conquistou o primeiro lugar com o livro “Cartas a Paulo Freire: escritas por quem ousa esperançar”, uma coletânea. No mesmo ano, ficou em segundo lugar na área de Ciências Sociais Aplicadas com a obra “A pandemia na sociedade de risco: perspectivas da comunicação”, organizada por Cidoval Morais e Cilene Victor, da Universidade Metodista de São Paulo.

Morais destaca que a trajetória bem-sucedida da EDUEPB é resultado de um trabalho coletivo e contínuo. “Neste período de 2012 para cá, quando eu me ausentei, para ir para a PRPGP, nós tivemos dois outros diretores: o professor Roberto Faustino e o professor Luciano Nascimento. Este foi o que melhor projetou a editora e popularizou seus feitos, porque ele é um influencer, Tiktoker, Youtuber. Cada um dos diretores que passou pela editora teve participação nesse projeto e não fui apenas eu que contribui para o sucesso da editora”, evidenciou.

 

Desafios

Embora o professor Cidoval Morais celebre os feitos da EDUEPB ao longo de três décadas, editando, coeditando, publicando e incentivando a produção e a distribuição de obras de relevância científica, cultural e didática, ele destaca os grandes desafios que ainda persistem no campo editorial, especialmente em editoras estritamente acadêmicas como a EDUEPB.

O primeiro é a conquista de leitores. “Um livro acadêmico não é como um literário ou didático, que já têm um público conquistado e mais tradição no mercado. O livro acadêmico é para um público restrito. Nosso grande desafio é ampliar esse público e criar alternativas de leitura para ele. O segundo desafio é que produzir livros ainda é muito caro no Brasil. Não há financiamento, porque o financiamento para manter os custos gráficos do livro impresso é complicado, por isso não se consegue imprimir grandes quantidades”, destacou o diretor.

Mas para além das mudanças de hábitos, Morais aponta mais obstáculos: “Outro desafio é que não é fácil fazer a avaliação do livro acadêmico. Quando recebemos um livro, temos que mandar para os pares avaliarem, e nem todo mundo tem tempo de ler e, ainda por cima, ler de graça, porque não temos recursos para os avaliadores. No máximo, damos um livro de presente ou um certificado. Precisamos profissionalizar os processos de avaliação, oferecer algum tipo de recompensa para quem avalia. As grandes editoras remuneram seus avaliadores. Mas nós, das editoras universitárias (que já são mais de 130), não temos uma política que resolva essa questão. A UNESP é a primeira que está tentando resolver isso, mas ainda não temos condições de seguir o exemplo da UNESP.

Um outro grande desafio apontado por ele diz respeito ao uso de tecnologias. “Nesse universo de utilização da inteligência artificial, sobretudo a inteligência artificial generativa, precisarmos ter os cuidados éticos, a vigilância ética. É claro que não vamos proibir ninguém de utilizá-la, mas é preciso estabelecer regras, limites e formas de fazer o registro honesto e ético. A IA generativa é, ao mesmo tempo, um grande aliado e um grande problema também”, pontuou.

Por fim, o professor Cidoval Morais destaca a ausência de uma política pública mais ampla, em nível estadual, municipal e federal, voltada para a valorização, o apoio e o incentivo ao livro acadêmico. Segundo ele, embora existam editais voltados para a literatura, as editoras universitárias nem sempre se encaixam nesses programas, que costumam priorizar outras áreas.

 

Projetos para o futuro

O diretor da EDUPB vê alguns projetos para o futuro das editoras universitárias, como ressaltou: “Nosso projeto para o futuro passa por três ações fundamentais. A primeira delas é criar um espaço estadual e regional de expressão e divulgação do livro acadêmico. Isso envolve a inserção das editoras universitárias nas feiras de todos os gêneros; integrá-las a outras produções que já existem no estado e na região, permitindo que todas estejam presentes nesse meio, com seus produtos digitais, físicos e seus stands. A editora precisa se inserir na vida cultural e artística do estado”.

Além da inserção na vida cultural, ele destaca que é preciso “estabelecer a criação e a implementação de políticas de estímulo à leitura crítica do livro acadêmico. Isso envolve o uso do próprio livro dentro da universidade e, principalmente, a criação de ambiências, grupos de estudo, leitura, pesquisa e reflexão em diversos espaços. A editora se insere nesses ambientes com seu pesquisador, seu autor e seu livro, contribuindo para o debate e promovendo a cidadania por meio da leitura e de uma compreensão mais aprofundada do mundo”.

 

Catálogo da editora

Segundo o professor Cidoval Morais, o catálogo da editora é composto por 80% de livros acadêmicos, resultado de pesquisas realizadas por professores da UEPB, de outras instituições e, inclusive, de universidades do exterior. “Porque as editoras universitárias não publicam só livros da própria universidade. Elas só podem publicar um percentual para não se caracterizarem como endogenia. Publicamos até 30% de professores e alunos da instituição. E os demais são de outras instituições, que passam por um processo de avaliação. A editora é universal. É isso que faz com que tenhamos respaldo na comunidade”, frisou.

Ele pontua que é possível pensar outras políticas de acessibilidade ao livro: “nós já trabalhamos com o livro aberto, nas nossas nas páginas, nas plataformas onde nos inserimos. Desde a SciELO, a Scopus, Globoplay, Amazon. enfim, temos nosso livro acessível”,

Para baixar gratuitamente os livros da EDUEPB, basta acessar a página da editora. O acervo também está disponível na plataforma SciELO, onde é possível visualizar capas e acessar os títulos.