Professor do MDR desenvolve ferramenta que faz a mineração de dados para mapear temáticas, autores e teorias de dissertações e teses

26 de maio de 2025

O professor José Luciano Albino Barbosa, do Mestrado em Desenvolvimento Regional, desenvolveu uma ferramenta de mineração de dados capaz de mapear áreas temáticas, autores mais citados e teorias utilizadas em dissertações e teses. A iniciativa integra seu projeto de pós-doutorado, realizado neste ano na Universidade Regional de Blumenau (FURB), em Santa Catarina.

Como parte da pesquisa, Barbosa analisou 319 trabalhos acadêmicos do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da FURB. Além de revisar a literatura sobre o desenvolvimento no Brasil, ele utilizou técnicas de mineração de dados para identificar temas recorrentes, áreas geográficas estudadas, principais referenciais teóricos e autores mais mencionados.

O resultado oferece um retrato detalhado da produção científica do programa e pode orientar novas investigações ao evidenciar tópicos e pesquisadores de maior relevância.

Conforme Albino, a proposta consistiu em reunir todas as teses e dissertações disponíveis no repositório da biblioteca da FURB, fazer o download dos documentos e aplicar métodos de big data para processar esse grande volume de informações. “O objetivo foi criar filtros que tornassem viável, em pouco tempo, o que antes era praticamente impossível: a leitura e análise aprofundada de 319 trabalhos acadêmicos”, explica.

O desenvolvimento do projeto não se deu de forma individual, contando com a colaboração de Yang Medeiros e Lucas Palitot, ambos vinculados à Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento (Proplan). Segundo o professor, durante sua atuação como pró-reitor de Planejamento, teve a oportunidade de conhecer o trabalho dos técnicos e “então, eu pensei em aproveitar os conhecimentos de estatística e de informática, principalmente de Yang e de Lucas, para me ajudar no que seria o mapeamento desses estudos sobre desenvolvimento”.

 

Replicabilidade em outros programas

A análise concentrou-se, segundo o professor Luciano Albino, principalmente nos resumos e nas referências bibliográficas, o que permitiu identificar os temas mais recorrentes.

Um achado não previsto na pesquisa inicial, mas evidenciado ao longo do processo, foi a importância da escolha adequada das palavras-chave. Esses indexadores podem contribuir para o mapeamento de temas em outros programas, tanto da UEPB quanto de outras universidades. Eles são fundamentais não apenas para a catalogação dos trabalhos nos repositórios acadêmicos, mas, sobretudo, para facilitar análises de dados como a realizada pela equipe de Albino.

 

Produção derivada

O professor Luciano Albino destacou que, com a pesquisa, pretende publicar “dois artigos teóricos que reflitam essa revisão bibliográfica dos clássicos e uma outra mais específica do Nordeste. Seriam dois artigos e um artigo específico sobre essa coisa da área do desenvolvimento regional, que é quando eu vou falar sobre essa ferramenta”.

Além dos artigos mencionados, Albino conseguiu elaborar, com a colaboração do professor João Damasceno, do Departamento de Geografia do Campus I, um mapa com todos os programas brasileiros intitulados “Desenvolvimento Regional”. Damasceno contribuiu com o georreferenciamento. O levantamento reúne informações sobre os programas, incluindo suas notas na Plataforma Sucupira e a indicação de oferta de mestrado e doutorado.

Um ponto destacado por Albino é que os programas de Desenvolvimento Regional, como o da UEPB, “estão em universidades do interior, na grande maioria universidades que eu chamo regionais, universidades e bases regionais, sejam elas municipais, ou estaduais, ou comunitárias”.

O professor também ressaltou que essas universidades “são muito semelhantes à UEPB, no sentido de estarem problematizando o que eu chamo de ‘Brasil profundo’. Porque o desenvolvimento regional é uma área que não é tanto abordada nas universidades de centro. O regional é muito, no Brasil, pensado a partir dessas universidades regionais”.