Mestrado em Serviço Social da UEPB participa de projeto de internacionalização em parceria com a UFPE e três instituições portuguesas
O Programa de Pós-graduação em Serviço Social (PPGSS) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) iniciou seu projeto de internacionalização, em parceria com Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e três importantes instituições de pesquisa de Portugal: o Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), o Instituto Superior Miguel Torga (ISMT) e a Universidade Aberta de Lisboa (UAb).
Segundo a professora Alessandra Ximenes da Silva, coordenadora do PPGSS/UEPB, as primeiras ações voltadas para internacionalização do programa tiveram início ainda em 2023, “mas sem recursos é quase impossível fazermos internacionalização. Então, uma forma que nós conseguimos, além de algumas iniciativas importantes, foi uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, pois eles são conceito 6”, destacou a docente.
Os conceitos de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), vão até 7, nota máxima, para um programa de pós-graduação, indicando um desempenho de excelência em nível internacional e a mais alta produção científica. Como o PPGSS da UEPB é conceito 3, não havia possibilidade de coordenar um projeto maior de internacionalização.
Em 2024, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou uma chamada pública (MCTI/CNPq nº 16/2024) para projetos de internacionalização, com o objetivo de fomentar iniciativas de pesquisa internacional que contribuíssem para o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação no Brasil. A chamada oferecia bolsas no exterior e recursos para custeio, abrangendo todas as áreas do conhecimento. Nesse contexto, as docentes da UEPB já mantinham uma estreita relação com Professoras/pesquisadoras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pois seis professoras atuais do PPGSS/UEPB concluíram sua pós-graduação naquela instituição.
“Nós tomamos conhecimento dessa chamada e procuramos a UFPE, por meio do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, e nós fizemos uma proposta conjunta. O grupo, inicialmente, era muito enxuto, porque fomos três daqui da UEPB e uma professora da UFPE. Eles já têm uma larga experiência em internacionalização, parceria com Portugal, com países da África, com a Itália, com a Espanha. Nós fizemos essa proposta do projeto, e ele foi aprovado pelo CNPq”.
A coordenação do projeto intitulado “Articulações e desafios de pesquisadores brasileiros na produção de conhecimento e cooperação internacional nas áreas das ciências sociais e humanas em universidades de Portugal” ficou com a UFPE, justamente devido ao conceito do programa e pela experiencias do PPGSS/UFPE com projetos de internacionalização.
O estudo tem como objetivo identificar os principais desafios enfrentados pelos pesquisadores brasileiros na produção de conhecimento e na cooperação científica em Portugal, além de investigar as articulações que eles estabelecem para realizar suas pesquisas e promover a internacionalização da pós-graduação nas áreas de Ciências Sociais e Humanas. Com um valor global de quase R$ 360 mil, o financiamento será utilizado para auxílio deslocamento, diárias, seguro saúde e assegurar as bolsas de pós-doutoramento.
Duração do estudo e integrantes
O projeto, com duração de dois anos, envolverá a professora Raquel Cavalcante Soares, da UFPE, e as docentes Alessandra Ximenes da Silva, Sheyla Suely de Souza Silva e Tercália Suassuna Vaz Lira, do PPGSS/UEPB, além do pós-doutorando Nivalter Aires dos Santos, vinculado ao mesmo programa. Também participamrão seis alunos de pós-graduação das duas universidades brasileiras, além de discentes de graduação com vínculo em Iniciação Científica. As professoras Alessandra Ximenes e, Tercália Suassuna e Nivalter Aires realizarão pesquisa de pós-doutoramento em Portugal.
Pela UEPB, integram o projeto as mestrandas Karla Queiroz do Nascimento, as mestres formadas pelo PPGSS/UEPB (hoje doutorandas no PPGSS/UFPE), Anna Raquel Andrade Gonzaga e Mikaele de Véras Matias, além dos graduandos Lucas Daniel Justino dos Santos e Daiany Silva Lustosa, ambos bolsistas de Iniciação Científica. Pela UFPE, participam do projeto a doutoranda Luciene Maria Silva dos Santos, o mestrando David Yuri Souto Ayres e a graduanda Marianna Brenda dos Santos Soares.
As integrantes internacionais são Maria Augusta Tavares, investigadora integrada da Universidade Aberta de Lisboa (UAb), Ana Carolina Carvalho Farias, investigadora integrada do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), e Maria Rosa Ferreira Clemente Morais Tomé, docente e investigadora integrada do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT).
De acordo com a professora Alessandra Ximenes, o projeto está vinculado à linha de pesquisa do Mestrado em Serviço Social, intitulada “Serviço Social, Estado, Trabalho e Políticas Sociais”, que analisa as transformações sociais e seus impactos no serviço social, especialmente no enfrentamento das expressões da questão social. O estudo investiga as dimensões ontológicas do Estado capitalista e examina as políticas sociais como produtos contraditórios da relação entre capital e trabalho.
Ainda segundo a coordenadora do PPGSS/UEPB, os docentes da UEPB e da UFPE têm realizado reuniões contínuas para o alinhamento do projeto. “Porque agora estamos exatamente trabalhando no que chamamos de marco teórico-metodológico da pesquisa. Essas reuniões são híbridas. Nós nos reunimos aqui e de modo virtual com as professoras da UFPE”, enfatizou
Estas reuniões são interessantes porque as docentes tanto da UEPB quanto da UFPE irão realizar pesquisa de campo em Portugal buscando entender quais são as pesquisas realizadas por professores brasileiros quando vão tanto para doutoramento ou pós-doutoramento naquele país e de que modo essas pesquisas são socializadas com professores e programas de pós-graduações brasileiros.
A escolha de Portugal e a construção da rede de pesquisa
Além da questão linguística e proximidades culturais, “foi escolhido Portugal porque tanto a professora Sheyla Suely (UEPB) quanto a professora Raquel Soares (UFPE) haviam feito o pós-doutoramento lá, embora em institutos diferentes. Por isso, quando fomos elaborar esse projeto, não começamos do zero. Partimos, sim, dos contatos e dos conhecimentos que já possuíamos dessas instituições e das redes de colaboração que já tínhamos, explicou a professora Alessandra Ximenes.”
Em relação à importância do estreitamento de laços acadêmicos e parcerias científicas, a docente da UEPB destaca dois pontos fundamentais. “Primeiro, isso evidencia a real necessidade do intercâmbio. E, quando falo em intercâmbio, não me refiro apenas ao ir e vir de pessoas, mas, sobretudo, à troca de conhecimento que vem sendo produzida. Na nossa área [o Serviço Social] o que temos construído ao longo dos anos, no Brasil, é significativamente mais avançado do que em alguns países, inclusive Portugal”, evidencia.
A professora ressalta, no entanto, a importância de construir redes de colaboração e de troca de experiências em pesquisa. Segundo ela, é fundamental que os países, por meio de seus diferentes institutos, compartilhem não apenas referenciais teóricos, mas também estudos aplicados relacionados ao Serviço Social, especialmente no que diz respeito aos fundamentos e das políticas sociais e às contradições, sobretudo em contextos de economias dependentes, como é o caso do Brasil.
“Posso afirmar isso com segurança. Temos progredido muito em termos de formulação e avaliação de políticas sociais, assim como na reflexão teórica e nos fundamentos do Serviço Social. Nossa produção de conhecimento é bastante expressiva. Por isso, acredito que devemos buscar essas parcerias e interações não apenas com o objetivo de aprender, mas também com a consciência de que temos muito a oferecer. Eles também têm o que aprender conosco e trocar experiências de forma mútua”, destacou a coordenadora do Mestrado em Serviço Social da UEPB.
Desdobramentos da Investigação
A professora Alessandra Ximenes informou que, ao final da investigação, as pesquisadoras brasileiras e portuguesas pretendem divulgar os resultados por meio de dois webinários híbridos e internacionais. O primeiro, previsto para o final de 2025, será organizado pelas instituições estrangeiras, enquanto o segundo, no final de 2026, ficará a cargo das instituições brasileiras.
Além dos webinários, o projeto incluirá a elaboração e publicação de dois artigos científicos em periódicos nacionais ou internacionais. Também está prevista a apresentação dos resultados em congressos e eventos científicos, com o objetivo de promover uma ampla disseminação do conhecimento gerado.
Outro desdobramento importante será a criação de um perfil no Instagram para divulgar os resultados da pesquisa, juntamente com a produção de um podcast sobre a temática investigada, suas metodologias, resultados e conclusões. Por fim, está planejada a publicação de um livro que sistematizará os achados da pesquisa.
Zélio Sales
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