Complexo de Laboratórios da UEPB utiliza Big Data para apoiar decisões estratégicas em Segurança Pública, Saúde e Geoprocessamento

22 de outubro de 2025

Inaugurado em abril deste ano e localizado no segundo andar da Central de Laboratórios Multiusuários (Labmulti), Campus I, o Centro Multiusuário de Big Data e Geoinformação da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) é um complexo de laboratórios voltado ao processamento de grandes volumes de dados. Com infraestrutura tecnológica avançada, o centro contribui diretamente para a tomada de decisões estratégicas nas áreas de Segurança Pública, Saúde e geoprocessamento.

Segundo o professor Ricardo Alves de Olinda, coordenador do Centro, o espaço dispõe de três salas projetadas para favorecer o desenvolvimento integrado e interdisciplinar das atividades de pesquisa e dos programas de pós-graduação da UEPB. A estrutura também poderá oferecer suporte ao tratamento de dados das pró-reitorias e de instituições estaduais.

“A Secretaria de Estado da Saúde e o Comando-Geral da Polícia Militar do Estado da Paraíba são nossos parceiros nestes centros multiusuários. Se há base de dados, se há o tomador de decisão e tem interesse em trabalhar com grandes massas de dados, então nós temos a expertise para atuar e desenvolver várias técnicas”, explicou Olinda.

Outra grande importância do complexo é o uso da inteligência artificial e do aprendizado de máquina (machine learning), que utilizar algoritmos para analisar grandes volumes de dados, identificar padrões e fazer previsões ou tomar decisões com base nesses padrões.

O complexo emprega essas ferramentas e estatística aplicada tanto em pesquisas desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, do qual o professor Ricardo Alves de Olinda é docente, quanto no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, que conta com a atuação dos professores Tiago Almeida de Oliveira e Ângela Maria Cavalcanti Ramalho. Ambos são parceiros do centro.

O Centro foi originado e aparelhado a partir de editais da Secretaria de Estado da Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia (SEIRHMACT) e da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT), ambas vinculadas à Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ). Dentre tantas possibilidades, o prédio vem para oferecer infraestrutura computacional de alto desempenho para a realização de pesquisas em áreas como estatística aplicada, inteligência artificial, aprendizado de máquina e geoprocessamento.

“A priori, esse projeto foi desenvolvido a várias mãos e com parceiros que, obviamente, estiveram envolvidos quando submetemos a proposta — a primeira, em 2018 — e, posteriormente, no relançamento para melhoria da infraestrutura, em 2021. Contemplamos ambas as propostas, de 2018 e 2021. Criamos, basicamente, uma rede de apoio com órgãos do governo do estado da Paraíba e universidades parceiras, reunindo pesquisadores de várias instituições, não apenas da região Nordeste, mas também do Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste”, explicou o coordenador.

O complexo de laboratórios da UEPB tem estabelecido parcerias internacionais com países como Guatemala, México e Argentina. “O professor Thiago, agora mesmo, vai iniciar um pós-doutorado nos Estados Unidos, o que também representa uma nova colaboração internacional”, destacou o professor Ricardo.

Para além da pesquisa aplicada e do uso de inteligência artificial no apoio à tomada de decisões pela Universidade e por secretarias estaduais, o complexo funciona como um laboratório de formação para 12 estudantes de graduação e pós-graduação, além de docentes e pós-doutorandos envolvidos em atividades de pesquisa e experimentação científica no dia a dia.

“Temos aqui docentes das Ciências Biológicas, além de professores vinculados aos Programas de Saúde Pública, Desenvolvimento Regional e Psicologia. Também participam docentes do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) e estudantes envolvidos em iniciação científica e projetos de extensão vinculados ao mesmo curso”, pontou Ricardo Olinda.

O Centro Multiusuário de Big Data estabeleceu parceria com o Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC/UFCG). Recentemente, também firmou outras colaborações com a instituição. “A principal demanda lá é organizar estruturas com grandes volumes de dados, de modo a torná-las mais acessíveis e viáveis. O objetivo é sair do papel e implementar essas estruturas em aplicativos e sistemas informatizados”, explicitou Olinda. Uma dessas demandas é o planejamento das refeições dos pacientes.

Formação contínua

Para Oseas Machado Gomes, bolsista de pós-doutorado no Mestrado em Saúde Pública da UEPB, sob a supervisão do professor Ricardo Alves de Olinda, o trabalho no complexo de laboratórios é contínuo. “Nós trabalhamos aqui desenvolvendo pesquisas, fazendo análise estatística e tratamento de dados. Além disso, ministramos cursos voltados para a área de programação, manipulação e tratamento de dados. Como já fui professor substituto da UEPB, acabo tendo uma boa proximidade com os alunos, conheço as demandas deles e fico muito feliz em contribuir para a formação acadêmica e vê-los evoluindo na pesquisa”, ressaltou.

Ele destacou que a Estatística é uma área fundamental para a produção do conhecimento científico, pois permite não apenas que o aluno manipule dados, mas que identifique padrões relevantes, tanto na área da Saúde quanto nas mudanças climáticas. Ao compreender esses padrões (ou mesmo os desvios) torna-se mais fácil realizar uma leitura crítica dos dados analisados.

Os alunos estão bastante otimistas com os laboratórios e com a formação estatística que estão recebendo. Um exemplo disso é o caso de Helder de Almeida Ferreira, discente do oitavo período, que se prepara para finalizar seu trabalho de conclusão de curso.

“O tema do nosso TCC, aliás, são os casos notificados de hanseníase aqui no estado da Paraíba, onde vamos trabalhar com ajuste em modelos espaciais, mais voltados para a área de análise de dados locais, que é uma área na qual podemos analisar, em todo o estado da Paraíba, as regiões por município. Esses dados foram fornecidos pelo DATASUS”, esclareceu.

O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) é o setor do Ministério da Saúde responsável por gerenciar e disponibilizar informações sobre a saúde pública no Brasil. Cabe a ele o desenvolvimento e a manutenção de sistemas que coletam, organizam e distribuem dados sobre a situação sanitária do país.

Quem atua na análise de casos de tuberculose a partir do banco de dados também do DATASUS é Sarah Kauanny, estudante do quinto período do curso de Estatística. “É meu primeiro ano no PIBIC. Meu plano de trabalho tem como tema a modelagem espaço-temporal com dados de tuberculose no estado da Paraíba, um estudo em que buscamos analisar a distribuição dos casos ao longo do tempo, no meu caso, entre 2020 e 2024. Toda segunda-feira, nos reunimos com o professor e orientador, Ricardo, para discutir o andamento das pesquisas. Ele também ensina novas formas de análise, e é assim que seguimos trabalhando”, destacou.

Morramed Souto, estudante do sexto período do mesmo curso, destaca que a análise de bancos de dados tem proporcionado um aprendizado significativo. Ele ressalta a relevância tanto da estrutura oferecida pelo laboratório quanto da troca de experiências com colegas e pesquisadores de outras instituições. Atuando na área de mudanças climáticas, trabalha com um banco de dados da NASA, agência do governo dos Estados Unidos voltada à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial.

“Vamos estudar as precipitações na região Nordeste. O meu trabalho é mais voltado para essa parte de questões climáticas relacionadas às chuvas. Vamos observar o que mudou ao longo dos anos em relação às chuvas no Nordeste e como podemos interpretar essas mudanças. Estamos passando por um período atípico de chuvas, em uma época do ano em que isso não costumava acontecer. Nosso recorte são os últimos cinco anos”, detalho o estudante que está vinculado à Iniciação Científica.

Uma coisa é unânime entre os alunos: o complexo de laboratórios e o ecossistema de pesquisa em torno da rede de colaboração têm sido fundamentais para sua formação. “Ficamos entusiasmados. Acredito que aqui nos vemos de maneira diferente, pois estamos apoiando algo mais acadêmico e nos preparando para o mestrado. Precisamos dessa vivência, especialmente para quem deseja seguir para o mestrado e doutorado. Nos identificamos muito com essa ideia. Aqui, nos preparamos não apenas para o mundo acadêmico, mas também para o mercado de trabalho. E quem sabe, no futuro, sejamos como nossos professores”, enfatizou Helder.

Formação para discentes e profissionais do PPGSP

O Centro Multiusuário de Big Data e Geoinformação está oferecendo, gratuitamente, o curso de Análise de Dados em Saúde com Python para estudantes e profissionais do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública.

A formação ocorre semanalmente às sextas-feiras, das 13h30 às 16h30, na sala 304, localizada no segundo andar da Central de Laboratórios Multiusuários (Labmulti).

A coordenadora do PPGSP, professora Claudia Martiniano, esteve presente na abertura do curso e destacou que essa iniciativa visa aprimorar a formação docente e discente do programa, além de contribuir para o cumprimento das metas de qualificação da produção científica, tecnológica e das atividades de pesquisa aplicada, inovação e desenvolvimento tecnológico.

O Centro Multiusuário de Big Data e Geoinformação da UEPB oferece, além de infraestrutura computacional de alto desempenho para pesquisas em áreas como estatística aplicada, inteligência artificial, aprendizado de máquina e geoprocessamento, um espaço permanente de formação para discentes e pesquisadores. Seu objetivo é desenvolver uma postura acadêmica mais crítica, proporcionar conhecimentos essenciais para o mercado de trabalho e para o mundo, além de contribuir para a solução de problemas concretos da população paraibana.

 

Zélio Sales

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